Mortes em Hong Kong vão a 83 após incêndio; bombeiros não sabem paradeiro de 50 pessoas
Incêndio iniciado na quarta-feira (26) é o mais mortal na cidade desde novembro de 1996

O número de mortes no incêndio que destruiu prédios residenciais no distrito de Tai Po, em Hong Kong, subiu para 83, segundo o Corpo de Bombeiros local. Ainda há 50 pessoas consideradas desaparecidas, e equipes de resgate tentam chegar aos locais mais atingidos após controlar o fogo em todas as torres.
O número de desaparecidos se refere a pessoas que ligaram pedindo ajuda para as autoridades, mas que não tinham sido encontradas até a tarde desta quinta (27).
O incêndio atingiu os edifícios de Wang Fuk Court na quarta (26) e rapidamente se espalhou por várias torres do complexo que passavam por renovação e tinham andaimes de bambu em seu entorno. Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo foi apagado em 4 torres e controlado em outras 3.
As autoridades falam ainda em 76 feridos, entre os quais estão 11 bombeiros. Ainda não há informações sobre as causas do incêndio, e uma força-tarefa foi designada para investigar a ocorrência.
O governo de Hong Kong anunciou a criação de um fundo de auxílio às vítimas que já reúne US$ 38 milhões em doações de entidades e empresas. Na manhã desta sexta no horário local (ainda quinta em Brasília), voluntários estavam rejeitando doações de roupas e mantimentos para as vítimas resgatadas, dado o volume de material doado.
Na quinta, o Corpo de Bombeiros disse ter recebido relatos de que um incêndio havia começado em Wang Fuk Court, complexo habitacional composto por oito blocos e quase 2.000 unidades residenciais próximo à divisa do território autônomo chinês com o restante da China. O complexo faz parte de um programa de subsídios para casa própria do governo local e foi inaugurado em 1983.
A polícia informou que, além de os prédios estarem cobertos com telas de proteção e plástico que não atendiam aos padrões de segurança contra incêndio, as janelas de uma construção não afetada estavam seladas com um material de espuma instalado por uma construtora que fazia trabalhos de manutenção.
“Temos motivos para acreditar que os responsáveis da empresa foram extremamente negligentes, o que levou a este acidente e fez com que o fogo se alastrasse de forma descontrolada, resultando em um grande número de vítimas”, disse Eileen Chung, superintendente da polícia de Hong Kong. Três pessoas que trabalhavam na construtora foram detidas sob suspeita de homicídio culposo.
Citando questões de segurança, o governo anunciou em março deste ano o início de uma eliminação gradual do bambu em andaimes. Hong Kong é um dos últimos lugares do mundo que ainda usa o material para esse tipo de estrutura na construção civil.
Embora o risco de chamas não tenha sido citado como motivo para a medida, houve pelo menos três incêndios envolvendo andaimes de bambu este ano, segundo a Associação para os Direitos das Vítimas de Acidentes de Trabalho em Hong Kong.
O incêndio iniciado na quarta é o mais mortal na cidade desde novembro de 1996, quando chamas causadas por uma soldagem durante reformas internas em um prédio comercial no distrito de Kowloon mataram 41 pessoas. Na época, uma investigação resultou em amplas atualizações nos padrões de construção e nas normas de segurança contra incêndio em prédios comerciais, lojas e residências.
O líder chinês, Xi Jinping, pediu um “esforço total” para extinguir o incêndio e minimizar vítimas e prejuízos, informou a emissora estatal CCTV.





