Editorial: “Centro de Adoração e Louvor” pode trazer mais problemas do que votos
A notícia dada em primeira mão pelo Portal 6, na última sexta-feira (28), de que a prefeitura de Anápolis pretende construir um “Centro de Adoração e Louvor” no Morro da Capuava teve uma repercussão enorme. Pessoas contra e favor compartilharam a reportagem e o debate nas redes sociais foi intenso.
Houve quem disse que ‘Deus está em primeiro lugar’ e, por isso, apoia a ideia. Outros, foram mais razoáveis e alertaram que a prefeitura precisa, caso queira mesmo executar a obra, garantir que o ‘centro’ seja realmente de caráter ecumênico. Já outros, não poucos, argumentaram que a construção não é legal – e nos dois sentidos da palavra.
Diante de tantas manifestações, cabe muito a pergunta: quem tem razão nessa história? A prefeitura? Evangélicos? Não – evangélicos? Ateus? Ambientalistas?
Pode parecer complicado, mas basta um pouquinho de reflexão e ponderação para se chegar a resposta.
Se por um lado a cidade ganha quando seus habitantes discutem as ações do governo, por outro não deixa de ser temerário a maciça reação favorável à construção do ‘centro’. Ter um espaço para ações de fé é algo que, para quem tem fé, soa como muito positivo, mas neste caso a questão é muito grave.
1 – Porque o Estado brasileiro é constitucionalmente laico. Provar que ele não está sendo afrontado será uma missão digna para Tom Cruise.
2 – Porque se trata do dinheiro público, arrecadado do bolso de todos.
3 – Porque é o Morro da Capuava uma clara Área de Preservação Permanente, como especifica o Código Ambiental, sancionado pela presidente Dilma Rousseff em 2012.
A construção do ‘centro’ , pode sim parecer delicada, mas quem tem razão é a Lei. Respeitá-la pode não render votos, mas evita muitos problemas.