Mesmo reduzindo acidentes em Anápolis, operações da Delegacia de Trânsito não voltam

Dados mostram que esse era o caminho para evitar bêbados no volante e mortes nas ruas

Rafaella Soares Rafaella Soares -
Mesmo reduzindo acidentes em Anápolis, operações da Delegacia de Trânsito não voltam

Levantamento realizado pela Delegacia de Trânsito de Anápolis mostra que foram registrados em 2017 um total de 1.890 acidentes com vítimas, sendo que 65 delas morreram.

Neste mesmo período, o Hospital Estadual de Urgências de Anápolis Dr. Henrique Santillo (HUANA) realizou 2.088 atendimentos de pessoas que sofreram algum tipo de acidente e ficaram em estado grave.

Em 2018 os números também são alarmantes, mas diminuíram. Até o momento, o HUANA atendeu 1.452 pacientes, também em estado grave. O número de acidentes automobilísticos neste ano já chega a 1.018 com total de 33 mortes.

Dentre os óbitos no trânsito registrados pela delegacia, 70% tem alguma relação com embriaguez ao volante. A mesma infração foi a causadora de 55% do acidentes sem mortes na cidade.

Ações educativas

Em conversa com a reportagem do Portal 6, o delegado Manoel Vanderic, titular da Delegacia de Trânsito, conta que existem maneiras efetivas de reduzir os casos de pessoas que dirigem alcoolizadas e abaixar o índice de acidentes. Como a operação Direção Consciente, que em apenas três edições em 2017 conseguiu prender mais de 20 pessoas.

“Com a Direção Consciente nós tivemos um resultado muito bom. Eram muitas prisões, a produtividade era boa e tinha um efeito pedagógico muito grande. Vemos pelas estatísticas que os casos diminuíram em relação ao ano passado, porque houve uma mobilização e uma repercussão tão grande que as pessoas já tinham a expectativa que de que a delegacia estava na rua para prevenir tragédias”, explicou.

Apesar da eficiência, a operação foi paralisada ainda em julho do ano passado devido a cortes de gastos na Polícia Civil. No início de 2018, o delegado chegou a retomar a atividade, mas novamente as dificuldades financeiras e materiais foram fundamentais para suspender o serviço.

“Nós não temos banco de horas e se tornou insustentável eu pedir para os policiais, que já atendem as delegacias do Idoso, de Pessoas com Deficiência, do Consumidor e do Trânsito a semana inteira, para trabalharem também no final de semana a noite sem receber ao menos uma folga. A hora extra é um direito deles. Também não conseguimos mais fazer acompanhamentos de suspeitos porque as viaturas que temos são 1.0 e não possuem compartimento para presos. Teve uma operação que tivemos que liberar bêbados porque não tínhamos onde colocá-los dentro da viatura”, relatou.

As novas viaturas chegaram a ser solicitadas para o Estado, mas o pedido foi negado. No entanto, a delegacia está em negociação com a Prefeitura para tentar conseguir o banco de horas para os agentes.

Para Vanderic, é de extrema importância que os policiais tenham condições de voltar às ruas para evitar tantos acidentes e conscientizar a população que embriaguez no trânsito é crime tanto quanto roubos ou homicídios.

“Os números já deixaram de ser apenas sobre segurança pública. Os custos de uma pessoa acidentada é muito alto e, se nós pudermos trabalhar na prevenção desses acidentes, vidas serão poupadas e ainda vai gerar economia para o cofre municipal, além de liberar espaço para outros pacientes no hospital. É melhor prender alguém por embriaguez, do que precisar consolar uma mãe que perdeu o filho por causa de um motorista bêbado”, disse o delegado.

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