Com segunda chance desperdiçada, Carlos Cesar Toledo está fora da Codego
O inferno astral de Carlos Cesar Toledo, o Cacai, deve começar no exato momento em que for posto em liberdade. A previsão é que isso ocorra no próximo domingo (19), dia em que vence a prisão provisória determinada pela juíza Placidina Pires a pedido da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (DRACO).
Até lá, ele e mais cinco pessoas apontadas como componentes de uma facção criminosa serão interrogadas pelo delegado Fábio Meireles.
Na coletiva que concedeu na sede da delegacia, no Setor Aeroporto, em Goiânia, no final da manhã desta quinta-feira (16), o investigador pouco disse sobre os detalhes da operação colocada na rua no dia anterior. Mas deu muitas pistas à imprensa, a começar pelo nome que batizou a força-tarefa.
Segundo Fábio, o caso começou a ser apurado em julho de 2019. O período coincide com a primeira demissão de Cacai da diretoria-administrativa da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego). Ao jornal Contexto, o “também presidente do DEM Anápolis deu como desculpa que o desligamento dele e de outros executivos da estatal teria sido por “ajustes políticos e administrativos”. Nos bastidores, dizia que as denúncias de corrupção eram ‘fake news de blog’s marconistas’.
Um mês depois, na abertura da Expo Anápolis, realizada pela Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia) no Centro de Convenções, o governador Ronaldo Caiado (DEM) fez um forte discurso em favor da ética e disse que estava demonstrando que não toleraria corruptos no governo dele.
Todos os políticos presentes no evento apontaram que as falas do chefe do Executivo Estadual foram direcionadas a Cacai, que estava no local e teria ficado bastante sem graça.
No entanto, em novembro, após a poeira abaixar e nenhuma das ilações se confirmar, Caiado deu outra chance ao aliado e ele voltou ao mesmo posto na Codego.
Agora, o entorno do governador sustenta ele está muito triste e que a demissão é inevitável. Cacai é filho de Cezar Toledo, médico que morreu há muito tempo e que era amigo íntimo de Caiado.
“O governador tem muito carinho por ele [Cacai]. Considera como filho mesmo”, reservou um parente do mandatário do Governo de Goiás à reportagem do Portal 6.
Dólar na mala
Cacai foi encontrado em Anápolis, por volta das 12h de quarta-feira (15). Os agentes da DRACO, no entanto, desde o raiar do dia já estavam nas ruas de Goiânia, Campinaçu e Cuiabá (MT) para cumprirem os outros cinco mandados de prisão e os 23 de busca e apreensão.
O ex-prefeito de Campinaçu, Welinton Rodrigues (mais conhecido como ‘Nenzão’), juntamente com Flávio Ramos de Andrade, Joaquim Inácio Guimarães Filho e Ernesto Augusto Eichler também tiveram a prisão executada.
Já o dono da LogLab Digital, Antônio Fernando Pereira Ribeiro, foi preso na capital mato grossense e teve apreendido cerca de R$ 500 mil em espécie (valor que inclui US$ 17 mil) que estavam escondidos em malas.
Além da casa dos investigados, os policiais civis estiveram também na sede da Codego, no Setor Marista. Lá confiscaram computadores, documentos diversos e outros ‘materiais’ não detalhados pela DRACO.
Em nota ao Portal 6, a companhia disse que colabora com a Polícia Civil e “reafirma seu compromisso com a transparência e aguardará a conclusão das investigações”.
Só começou
Segundo o delegado Fábio Meireles, a estatal não é a única investigada no esquema. Por isso mesmo, mais escândalo está por vir.
“Essa foi a primeira etapa da operação – que investiga uma associação criminosa que cometia corrupção, tráfico de influência, fraude a licitação e lavagem de dinheiro. Os elementos colhidos indicam que essa organização atuava principalmente na fraude à licitações de empresas de TI e na cobrança de valores indevidos de empresários para o favorecimento em contratos públicos”, adiantou.
Cacai e os demais presos estão confinados na carceragem da Delegacia de Capturas. De lá, só sairão para prestar depoimento na DRACO. A Polícia Civil não descarta a possibilidade de pedir prisão preventiva, de 180 dias.
Em tempo
A Codego anunciou a demissão, “a pedido”, de Cacai no início da noite desta quinta-feira (16).
“Em seu lugar assume interinamente o chefe de Gabinete da companhia, Bonoel Costa Bezerra, que ocupará o cargo sem prejuízo a sua função original. A Codego reafirma seu compromisso com a transparência e continuará colaborando com as investigações da Polícia Civil até o final do inquérito”, disse a estatal em nota.