Chega a 18 total de mortos em enchentes que atingem 58 cidades na Bahia
População total afetada é estimada em 430.869 pessoas
João Pedro Pitombo, da BA – Subiu para 58 o número de cidades das regiões sul, sudoeste, oeste e recôncavo da Bahia que foram fortemente impactadas pelas chuvas dos últimos dias.
São municípios considerados “em crise”, que registraram inundações, alagamentos, enchentes e deslizamentos de terra causados pelos temporais e pelas cheias dos rios.
São elas: Anagé, Angical, Arataca, Aurelino Leal, Barra do Choça, Belmonte, Belo Campo, Brejolândia, Caatiba, Caetanos, Camacã, Canavieiras, Coaraci, Cotegipe, Dário Meira, Firmino Alves, Floresta Azul, Gandu, Governador Mangabeira, Ibicaraí, Ibicuí, Ibipeba, Igrapiuna, Iguaí, Ilhéus, Ipiaú, Itabela, Itabuna, Itajú do Colônia, Itajuípe, Itambé, Itapé, Itapetinga, Itapitanga, Itaquara, Itororó, Jequié, Jiquiriçá, Jucuruçu, Jussiape, Lafaiete Coutinho, Manoel Vitorino, Marcionílio Souza, Milagres, Mutuípe, Pau Brasil, Poções, Prado, Santa Inês, Santonópolis, Sapeaçu, Teolândia, Ubaíra, Ubatã, Uruçuca, Valença Vitória da Conquista e Wanderley.
O número de municípios em situação de emergência subiu de 25 para 72 conforme decreto da Defesa Civil da Bahia publicado neste domingo (26).
As chuvas, que já tinham deixado um saldo de destruição há cerca de 15 dias na região extremo-sul do estado, voltaram a castigar a Bahia desde quinta-feira (23), com maior intensidade na sexta-feira (24) e no sábado (25).
As chuvas mais intensas nos últimos dias fizeram aumentar para 18 o número de mortes registradas na Bahia desde novembro em decorrência dos temporais. Duas pessoas estão desaparecidas e 286 ficaram feridas desde o início do ciclo de chuvas.
A última vítima registrada foi Olivan Alves Mota, 60, que se afogou neste domingo (26) no Rio das Contas, em Aureliano Leal, no sul do estado.
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), fez neste domingo (26) um sobrevoo nas áreas mais atingidas das cidades de Itabuna, Ilhéus e Itajuípe, sul da Bahia, e disse que as imagens da destruição causada pelo temporal são muito fortes.
“É uma tragédia gigantesca. Não lembro se na história recente da Bahia tem algo dessa proporção. É algo realmente assustador o número de casas, de ruas e de localidades completamente embaixo d’água”, afirmou.
De acordo com a Defesa Civil da Bahia, o total de pessoas desabrigadas passa de 16.000, enquanto mais de 19,5 mil foram desalojadas. A população total afetada é estimada em 430.869 pessoas.
Uma das cidades mais atingidas foi Itabuna, maior município da região sul do estado. Na madrugada de sexta-feira, a cidade registrou um volume de chuva de 110 milímetros, fazendo transbordar o rio Cachoeira, que corta a cidade.
A inundação atingiu áreas do centro como a avenida Cinquentenário, principal centro comercial da cidade, e a avenida Beira-Rio. Também foram atingidos bairros da periferia que ficam nas margens do rio.
“Graças a Deus a água não está represada. A nossa preocupação agora é retirar as famílias dessas zonas de risco, dos bairros pontos críticos da cidade”, afirmou o prefeito Augusto Castro (PSD).
Uma base de apoio foi montada pelo governo do estado em Ilhéus, com o objetivo de facilitar a retirada de pessoas de áreas de risco e de casas que possam desabar em cidades no entorno. As cidades de Itapetinga, Vitória da Conquista, Ipiaú e Santa Inês também ganharam postos avançados para facilitar o trabalho dos bombeiros.
Aeronaves, camionetes e barcos foram levados à região para prestar socorro às pessoas ilhadas e transportar os moradores para áreas seguras. Cestas básicas e cobertores estão sendo distribuídos.
Na noite deste sábado (25), a prefeitura de Itambé, no sudoeste baiano, anunciou o rompimento de uma barragem com alto volume de água. O alerta previa a possibilidade de uma forte enxurrada, que acabou não atingindo as áreas mais densamente povoadas da cidade
Itambé registrou mais de 14 horas ininterruptas de chuva entre sexta-feira e sábado, resultando na enchente do rio Verruga.
Também foi registrado o rompimento de barragem na cidade de Jussiape, na chapada Diamantina. A prefeitura emitiu um comunicado recomendado que as famílias que moram nas proximidades da barragem deixem suas casas. Um ginásio municipal foi disponibilizado para os desabrigados.
Na cidade de Paramirim, oeste do estado, a barragem do Zabumbão chegou ao seu nível máximo e sangrou neste sábado, deixando comunidades ribeirinhas em alerta. A prefeitura emitiu um alerta suspendendo o tráfego de pessoas e veículos no entorno da barragem.
O Inema, órgão responsável pela gestão dos recursos hídricos da Bahia, informou que “continua vistoriando as barragens, mas não consegue chegar a muitos locais, devido aos próprios transtornos causados pela chuva”.
Em Salvador, as chuvas fortes fizeram com que a prefeitura acionasse o sistema de alarmes em áreas de risco nos bairros Sete de Abril e Castelo Branco, orientando a população a deixar suas casas.
De acordo com dados da Defesa Civil municipal, a cidade registrou neste domingo 26 deslizamentos de terra e cinco desabamentos de imóveis, todas ocorrências sem vítimas fatais.
O Ministério da Cidadania, informou que uma força-tarefa formada pelo governo federal, pelo governo da Bahia e por senadores reuniu-se neste sábado para definir a estratégia de socorro. Foi montada uma operação conjunta de socorro após, segundo o ministério, o presidente Jair Bolsonaro (PL) determinar a ampliação dos esforços.
O socorro do governo federal inclui combustível e aeronaves para auxiliar nos resgates. A base de apoio para as ações, instalada em Ilhéus, terá o reforço de equipes da Polícia Militar da Bahia, do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, da Secretaria Nacional de Defesa Civil, da Superintendência Estadual de Defesa Civil e da Polícia Rodoviária Federal, que enviará aeronaves e agentes.
O ministério da Cidadania também informou neste domingo (26) que vai antecipar o pagamento do programa Auxílio Gás para 108,3 mil famílias que residem em 100 municípios que decretaram neste mês estado de calamidade pública por causa das fortes chuvas, na Bahia e em Minas Gerais.
O pagamento vai começar nesta segunda-feira (27) – sendo que a previsão inicial era o dia 18 de janeiro. O valor do benefício é de R$ 52. A pasta argumenta que o montante corresponde à metade da média do preço do botijão de 13 quilos.
O ministério também anunciou que vai repassar via fundo a fundo recursos aos municípios para a estruturação dos alojamentos para receber os desabrigados, no valor de R$ 400 por pessoa afetada.
O ministro João Roma, que é do estado, visitou neste domingo as áreas afetadas. Em suas redes sociais, disse que é necessário retirar a população ainda em risco.
“É crucial que, neste momento, a gente reforce o estado de alerta, retire as famílias que estão nas áreas de risco e trabalhe para preservar vidas. Na sequência, tomaremos todas as medidas para amparar essas pessoas”, escreveu.
Também nas redes sociais, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, também informou que foi enviada uma equipe de sua pasta para atender a população da região afetada. O titular da Saúde também disse que estão sendo mandados para o estado medicamentos e insumos, além de equipamentos para as equipes de campo.
O Palácio do Planalto ainda acrescentou em nota que o governo disponibilizou até o momento mais de R$ 19 milhões, por meio da Defesa Civil Nacional, para ações de resposta ao desastre natural e reconstrução de infraestrutura danificada.
O governo também afirma que decidiu pelo envio de aeronaves e agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e das Forças Armadas para dar apoio aos municípios.
Governadores dos estados de São Paulo, Maranhão, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Sergipe e Paraíba, também enviaram aeronaves e equipes de bombeiros para ajudar no resgate das populações ribeirinhas.
Ao menos seis rodovias federais estão com trechos interditados no sul e extremo-sul da Bahia.
Dois trechos da BR-415, que liga Itabuna e Ilhéus, foram fechados por causa de alagamentos.
Em Ubatã, a rodovia BR-330 foi interditada após um afundamento na pista. Na BR-420, na altura da cidade de Lage, há interdição parcial pelo risco de queda de uma ponte.