Rússia prende cientista acusado de vazar segredos de Estado para China

Caso as autorias dos vazamentos sejam confirmadas, ele pode pegar até 20 anos de prisão

Folhapress Folhapress -
Rússia prende cientista acusado de vazar segredos de Estado para China
Vladimir Putin, presidente da Rússia. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

A Rússia prendeu nesta semana ao menos dois cientistas acusados de compartilhar segredos de Estado. A informação é da Tass, maior agência russa de notícias. Os dois cientistas são especialistas em física e trabalham em Novosibirsk, cidade siberiana, no sul do país. Eles podem pegar até 20 anos de prisão, caso as autorias dos vazamentos sejam confirmadas.

O último detido foi Dmitri Kolker, doutor em física e matemática na Universidade Estadual de Novosibirsk. Segundo fontes anônimas ouvidas pela agência, ele é acusado de colaborar com os serviços de segurança da China -Pequim e Moscou intensificaram suas relações diplomáticas, na esteira das sanções do Ocidente à Rússia.

O site da instituição de ensino diz que ele é chefe do laboratório de tecnologias ópticas quânticas e é autor de 112 artigos científicos e três patentes. Kolker também trabalha em parceria com institutos da Alemanha e da França. Ele foi preso na última quinta-feira (30).

A família de Kolker confirmou a prisão, em comunicados nas redes sociais. Seu filho, Maxim, disse que Dmitri participou de palestras para estudantes em uma conferência internacional na China.

Segundo ele, as exposições foram certificadas pelo FSB, serviço de segurança interna russo, um dos membros da KGB -serviço secreto da União Soviética. “Oficiais do FSB o proibiram de dar palestras em inglês”, disse Maxim a um site de notícias locais.

Não há detalhes sobre quais informações foram compartilhadas com os chineses. Kolker foi detido em uma penitenciária de Moscou. Após a prisão, o filho do cientista disse que ele faz tratamento contra câncer avançado e teria sido abordado por oficiais russos quando estava no hospital.

“Eles levaram um homem doente, que estava praticamente morrendo e se alimentando por um tubo em sua veia, em um hospital particular”, afirmou Maxim. Um dia após a detenção, o tribunal de Justiça de Novosibirsk ordenou que o cientista fique preso até o final de agosto, enquanto aguarda o julgamento.

Na terça (28), oficiais russos também prenderam Anatoli Maslov, cientista-chefe de um instituto de mecânica. Ele é acusado de vazar dados sobre tecnologia hipersônica. Nesse caso, porém, não há detalhes de quem teria recebido as informações e nem se elas estão relacionadas a equipamentos militares.

Segundo a Tass, Maslov é conhecido por suas pesquisas sobre viscosidade, termo que descreve a resistência ao fluxo de um fluido. Ele também é membro dos comitês nacionais russos de mecânica teórica aplicada e de engenharia mecânica.

Vários cientistas russos foram presos e acusados de traição nos últimos anos por supostamente passarem material sensível a estrangeiros. Críticos do Kremlin, por outro lado, dizem que as prisões muitas vezes resultam de acusações sem provas.

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