OMS declara emergência de saúde global por varíola dos macacos

Anúncio foi feito pelo diretor-geral da organização, Tedros Adhanom

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OMS declara emergência de saúde global por varíola dos macacos
Varíola dos macacos causa erupção cutânea. (Foto: OMS)

BRUNO LUCCA E CLÁUDIA COLLUCCI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na manhã deste sábado (23), a OMS (Organização Mundial de Saúde) classificou a disseminação da varíola dos macacos como emergência pública de preocupação global. O anúncio foi feito pelo diretor-geral da organização, Tedros Adhanom.

A classificação foi tema de discussões na última semana, e o comitê de emergência da OMS não entrou em consenso sobre a doença ser tratada ou não como emergência global. Coube ao diretor, com critérios explicados durante o anúncio, decidir constatar a varíola de macacos como emergência pública que deve ser observada e combatida globalmente.

“Nós acreditamos ser o momento deste anúncio, considerando que, dia após dia, mais países e pessoas têm sido afetados pela doença. Precisamos de coordenação e solidariedade para controlar esse surto”, disse Adhanom, afirmando que o risco no mundo ainda é relativamente moderado, exceto na Europa, onde é alto.

Outra preocupação da OMS é o estigma gerado pela doença. Hoje, segundo a organização, 90% das infecções por varíola dos macacos se dão em homens que têm relações sexuais com outros homens. “Estigma e discriminação podem ser mais perigosos que qualquer vírus”, declarou Tedros Adhanom.

De acordo com um estudo recém-publicado no New England Journal of Medicine, realizado com 528 pessoas em 16 países –o maior até o momento–, 95% dos casos foram transmitidos sexualmente.

Segundo o portal Our World in Data, da Universidade de Oxford, até a última quinta-feira (21), foram confirmados 15.510 casos de varíola dos macacos em 74 países.

No Brasil, o Ministério da Saúde confirma 607 casos da doença até a última sexta (22). O saldo é mais do que o dobro verificado no último dia 9, quando havia 218 diagnósticos confirmados em todo o país.

Os casos da doença concentram-se principalmente em São Paulo. No total, conforme dados do ministério, o estado registrou 438 diagnósticos positivos da doença até esta sexta, representando cerca de 72% do total.

No entanto, a Secretária da Saúde estadual disse que já são 466 casos da doença confirmados no estado. A maior parte deles é na capital paulista -no total, foram 385 somente na cidade.

“Todos os pacientes estão com boa evolução do quadro e são acompanhados pelas vigilâncias epidemiológicas dos seus respectivos municípios, com o apoio do estado”, completa a nota da secretaria.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou à reportagem neste sábado que o Brasil já está negociando com a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) a aquisição de vacinas contra a varíola dos macacos (monkeypox).

Segundo Queiroga, a SVS (Secretaria de Vigilância em Saúde) está em processo de avaliar o quantitativo necessário, e a aquisição será por meio do fundo rotatório, um mecanismo internacional de cooperação técnica para acesso a vacinas.

“Só há uma fabricante [Bavarian Nordic] e não tem representante no Brasil. Assim, a aquisição deve ser via Opas”, afirma o ministro.

Segundo ele, as medidas de contenção dos casos estão sendo adotadas, e a rede de diagnóstico está estruturada. “Todos os casos estão sendo acompanhados.”

Nesta sábado (23), a EMA (Agência Europeia de Medicamentos) recomendou a aprovação do alargamento da vacina Imvanex, usada no combate à varíola, para a proteção de adultos contra o vírus da varíola dos macacos, após estudos clínicos que a revelaram eficaz e segura.

Em comunicado, a EMA informa que o seu comitê de medicamentos humanos “recomendou o alargamento da indicação da vacina contra a varíola Imvanex para incluir a proteção dos adultos contra a doença da varíola dos macacos”.
A vacina foi aprovada na União Europeia em 2013 para a prevenção da varíola, contendo uma forma atenuada de um vírus semelhante.

O primeiro caso da varíola dos macacos no Brasil foi confirmado em 9 de junho em São Paulo. Desde então, a doença já foi registrada em outras 13 unidades da Federação.

A enfermidade é causada pelo monkeypox, um vírus do gênero orthopoxvirus. Outro patógeno que também é desse gênero é o que acarreta a varíola comum, doença erradicada em 1980.

Os sintomas iniciais da varíola dos macacos são principalmente dores no corpo, febre, mal-estar e cansaço. Então, a doença evolui para um quadro em que aparecem lesões no corpo em formato de bolhas.

O cenário de preocupação com a varíola dos macacos se iniciou em maio, quando ocorreu a disseminação do patógeno em regiões não endêmicas (até então, era um vírus endêmico na África central e ocidental), como na Europa e nos Estados Unidos.

Diante da situação, o Ministério da Saúde montou, em 23 de maio, uma sala de situação para direcionar ações de saúde pública e divulgar informações sobre a monkeypox. No entanto, no dia 11 deste mês, a sala foi descontinuada pela pasta.

A partir de então, as ações de vigilância para a monkeypox foram alocadas em diferentes áreas que compõem a Secretaria de Vigilância em Saúde.

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