Artistas contam como é difícil sobreviver de música em Anápolis

Nos mais diversos ritmos e estilos próprios, músicos buscam renda extra em outras profissões

Isabella Valverde Isabella Valverde -
Artistas anapolinos lutam pela arte. (Foto: Montagem/Arquivo Pessoal)

Nos palcos, os cantores se dedicam sempre a dar o melhor de si para o público que os acompanha. Longe do glamour, no entanto, artistas de Anápolis precisam de outras ocupações para além da música para sobreviver.

Há diversas dificuldades que se impõem, mas nenhuma delas faz os artistas abrirem mão do sonho de cantar e encantar.

O Portal 6 ouviu a história de músicos anapolinos que não se permitiram parar nos obstáculos e seguem na luta pelo que mais amam.

Gaal 

Gabriel Guedes, mais conhecido como Gaal. (Foto: Arquivo Pessoal)

Gabriel Guedes, mais conhecido como Gaal, é um anapolino de 23 anos que está lutando para ganhar destaque no cenário musical, mais especificamente no Rap.

Para ele, “um artista em início de carreira é como um super herói, vivendo duas ou mais vidas. Em uma, busca se expressar e expressar a maneira a qual vê o mundo. Em outra, vai atrás de adquirir recursos para que possa executar a primeira”.

Bem, a segunda visão que possui da área já diz muito à respeito de como é a vida para os artistas na cidade, repleta de batalhas pessoais.

“Temos uma grande dificuldade em alcançar novos públicos, tendo em vista que a cidade tem majoritariamente um gosto voltado para o sertanejo e o funk, e não me recordo de nem um artista local, da minha vertente, que tenha conseguido colocar as caras para um grande público em âmbito nacional”, afirmou.

Além da música, o rapper, que também é estudante de engenharia, trabalha como vendedor para conseguir se manter financeiramente.

Porém, ele destaca que essa renda extra não é uma exclusividade apenas dele, já que diversos outros artistas também precisam de algo mais.

“Todos os dias precisamos conciliar todas essas vidas em trabalhos diferentes, para que em algum momento, apesar de todo cansaço, desgaste físico e mental, além de todos os outros problemas cotidianos do brasileiro, possamos em algum momento no fim do nosso dia colocar nossa boca diante de um microfone e cantar a nossa vivência”, explica.

Roberto Chalub 

Roberto Chalub. (Arquivo Pessoal)

Roberto Chalub, que hoje integra a banda Acorde 7, reconhecida em todo Brasil e internacionalmente como uma das principais referências do blues produzido em Goiás, possui uma ligação já antiga com o ramo musical, começando na área ainda criança.

Formado em Direito, além de atuar como músico, o artista também é advogado, mas destaca na fala que a música também deve ser considerada como uma profissão.

Assim como Gaal, Roberto também percebe dificuldades para os artistas que tentam desenvolver a própria arte aqui na cidade.

“Eu sinto como dificuldade principal a falta de espaço e de incentivo à música original, à produção e valorização de música autoral”, apontou.

“É natural que bares e casas de shows deem preferência para artistas que tocam sucessos de grandes ídolos da mídia (o famoso cover), mas é necessário e muito importante também valorizar o trabalho cultural que é genuíno de Anápolis”, completou.

O artista deixou ainda uma importante reflexão ao apontar que “o músico, muitas e muitas vezes, é visto como um “bon-vivant”, que está mostrando o seu talento e sua arte apenas por prazer e não porquê depende da sua arte para sobreviver.

Luccas Sena

Luccas Sena (Foto: Arquivo Pessoal)

Músico, compositor, vocalista e guitarrista, Luccas Sena também foi apresentado ao cenário musical ainda durante a infância e atualmente, segue lutando pelo sonho, em Anápolis.

Após um período que passou como integrante de uma banda, o artista decidiu se dedicar à carreira solo, pela qual batalha desde 2019 e foi até mesmo contemplado pelo fundo municipal de cultura da cidade, além de ter sido selecionado para participar do Camping de Composição da Alma Music Group, gravadora de São Paulo.

Porém, mesmo com o crescimento profissional, Luccas precisa também trabalhar no ramo alimentício e reparação automotiva para poder tocar.

Dentre tudo que já identificou ao longo da carreira musical, o músico relata que o Anápolis impõe dificuldades para os artistas que tentam trazer músicas autorais para a cidade.

“No âmbito da música autoral acredito que precisa de mais opções de espaços, e em alguns pontos mais proximidade entre os próprios artistas locais”, pontuou.

“Por isso, Acredito que falta uma abertura maior pra músicas autorais, mesmo que somadas aos covers, mais debate e incentivo de políticas públicas pra aumentar produções, festivais e movimentar essa grande cadeia por trás da música”, completou.

Ayrton Bak 

Ayrton Bak. (Foto: Arquivo Pessoal)

Ayrton Bak é um cantor e compositor anapolino que decidiu se jogar nos mais diferentes meios de atuação musical para conseguir viver 100% da música.

O artista atua profissionalmente como cantor de bar, de eventos, corporativo e principalmente no setor que mais lhe abriu portas até o momento, que é o de casamentos. Além disso, ainda faz apresentações com a banda Quinto Porto.

Atualmente, Ayrton está gravando o álbum solo que contará com 12 músicas e está sendo acompanhando por um produtor de grandes sucessos nacionais, como Pablo Vittar, Anitta e Ludmilla. Bak já ganhou destaque anteriormente, conseguindo alcançar milhões de views com uma das canções que lançou.

O artista está também investindo em uma estufa hidropônica para poder garantir uma estabilidade financeira.

“Até hoje, estou 100% com a música. Mas eu estou criando em minha fazenda estufas hidropônicas. Eu pretendo virar hidroponista. E por quê? Porque eu hoje eu consigo ter uma vida tranquila, só que agora estou gravando um álbum, e isso demanda muito dinheiro”, contou.

“Hoje estou sem economias e a hidroponia entrou na minha vida para cobrir o saldo do investimento no álbum, além de me ajudar a manter um capital de giro para projetos futuros”, completou.

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