Qual a importância da Cardiologia no paciente com câncer?

A Cardio-Oncologia é uma área de atuação para promover o cuidado adequado ao paciente oncológico

Rizek Hajjar Gomides Rizek Hajjar Gomides -
Cardiologia é importante durante o tratamento do câncer. (Foto: Reprodução)

A Cardio-Oncologia é uma área de atuação para promover o cuidado adequado ao paciente oncológico.

Essa subdivisão da cardiologia foi criada porque muitos pacientes diagnosticados com câncer passaram a ter problemas cardíacos durante o tratamento, por conta de certas toxinas presentes em medicamentos criados para o combate do câncer, em especial nos remédios que fazem parte da quimioterapia.

Essas toxinas, criadas para afetar o tecido canceroso, podem também acometer os tecidos que formam, por exemplo, o músculo do coração. Isso pode causar no paciente oncológico problemas como insuficiência cardíaca, doença arterial coronariana, arritmia, hipertensão e pericardites, por exemplo.

Sabemos que as doenças cardiovasculares e o câncer são as principais causas de morte em países desenvolvidos. No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), para cada ano do biênio 2018-2019, a expectativa foi de 600 mil casos novos em adultos e de 12.500 casos novos na população infanto-juvenil (0-19 anos). Entre 2009 e 2013, o câncer motivou cerca de 12% dos óbitos na faixa etária infanto juvenil brasileira.

Avaliação Cardiológica

Com o objetivo de descartar uma doença cardiovascular, os pacientes com câncer, antes de iniciarem o tratamento de quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e demais, devem ser submetidos a uma avaliação cardiológica completa. Essa avaliação inclui análise do histórico clínico, exame físico, exames complementares como: eletrocardiograma e ecocardiogramas — realizados mesmo em pacientes sem histórico de problemas cardiovasculares.

Os pacientes que possuem fatores de risco adicionais ou doença cardiológica já existente poderão ser mais bem avaliados com exames específicos, como tomografia de coronárias, cintilografia miocárdica ou ressonância magnética do coração para investigação.

Quais os sintomas mais comuns?

Um paciente em tratamento oncológico curativo, de manutenção ou paliativo, que desenvolva qualquer sintoma relacionado ao sistema cardiovascular, deve ser avaliado pelo cardio-oncologista. Os mais comuns são:

Desmaios

Palpitações

Dor no peito

Falta de ar

Quais os riscos do tratamento oncológico?

As complicações mais comuns relacionado ao câncer e seu tratamento são:

Insuficiência cardíaca

Arritmias

Infarto

Pericardite

Derrame pericárdico

Quais são os exames de diagnóstico usados pela cardiologia oncológica?

São os mesmos da cardiologia, de forma geral, sendo que os mais utilizados são:

– Laboratoriais

Ecocardiograma

Ressonância magnética

Holter 24h.

Qual é o tratamento oferecido pela cardiologia oncológica?

O paciente que já apresenta alguma doença cardiovascular irá discutir em conjunto com seu cardiologista e o oncologista quais medicamentos devem ser mantidos ou modificados durante o tratamento oncológico.

Caso uma nova doença cardiológica seja diagnosticada no decorrer dos procedimentos, o tratamento deve ser discutido em conjunto com o oncologista.

Os médicos que atuam na cardiologia oncológica podem, por exemplo, sugerir tratamentos de contenção do câncer que possuam menos toxinas para o coração. Também podem ser feitas terapias complementares que envolvem, por exemplo, mudanças no hábito alimentar e na qualidade de vida, para combater problemas como a hipertensão, que acontece quando a pressão sanguínea está permanentemente elevada.

Em casos extremos, o tratamento do câncer, como aquele que é feito na quimioterapia, pode ser interrompido ou adiado pelo médico da cardiologia oncológica até que o coração se recupere um pouco, para que o paciente não tenha problemas sérios uma vez que supere o câncer.

Rizek Hajjar Gomides é médico, formado pela Uniceplac – Brasília. Especialista em Clínica Médica pelo Hospital IGESP – SP. Especialista em Cardiologia pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – InCor. Fellow em CardioOncologia pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo – ICESP e InCor.

Tem consultório próprio em São Paulo e escreve nas quartas-feiras no Portal 6. Siga-o no Instagram.

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