Bolsonaro deve ter cargo e receber salário do PL após deixar o Planalto
Durante encontro com dirigente do partido, presidente firmou que pretende continuar na sigla
MARIANNA HOLANDA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Jair Bolsonaro (PL) deve ter um cargo no seu partido, após ter perdido a reeleição à Presidência, no próximo ano. A ideia, que já foi discutida com Valdemar Costa Neto, é que ele desempenhe um papel na legenda e tente manter relevância pelos próximos anos.
O dirigente do PL esteve com Bolsonaro na última segunda-feira (31). No encontro, o chefe do Executivo disse que pretende continuar na sigla, ter um papel lá e liderar a oposição. Ainda não foram discutidos detalhes, mas Valdemar disse que aceitaria.
Em seu primeiro discurso concedido 45 horas após a proclamação da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após a reunião com Valdemar, o chefe do Executivo disse: “É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela da nossa bandeira”.
O presidente pode ocupar o cargo de presidente honorário ou de conselheiro, com vaga na Executiva Nacional.
A intenção do presidente do PL é manter Bolsonaro por perto nas decisões. Há uma avaliação de que ele pode ajudar a manter diálogo com a ala mais radicalizada do bolsonarismo, hoje sediada no PL, com Zé Trovão e Carla Zambelli na Câmara, por exemplo.
O cargo deve contar ainda com um salário, que ainda está indefinido. Aliados do presidente dizem que ele terá dificuldades de sobreviver apenas com o soldo militar e a aposentadoria de deputado federal, que chegaria a cerca de R$ 40 mil. Os detalhes ainda não foram discutidos.
Segundo interlocutores, o presidente está digerindo a derrota. Ele se tornou o primeiro mandatário a fracassar na reeleição.
Integrantes do PL esperam que ele possa manter o capital político de mais de 58 milhões de votos.
A ideia de Valdemar é que o partido consiga prosperar, mesmo com integrantes tão antagônicos internamente, nos moldes do MDB por muitos anos. O partido tem uma ala mais progressista, ligada a Lula e ao PT, e outra mais conservadora, em São Paulo e no Sul do país.