Pilotos e comissários suspendem paralisação após cinco dias
O anúncio foi feito na noite desta sexta-feira (23) em uma transmissão na internet
LUCAS LACERDA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os aeronautas decidiram suspender neste fim de semana a paralisação em aeroportos. O anúncio foi feito na noite desta sexta-feira (23) em uma transmissão na internet.
Segundo o SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas), a medida é para que a categoria possa votar, até o meio-dia de domingo (25), se aceitam ou não uma nova proposta feita pelas companhias aéreas. O resultado deve ser divulgado no mesmo dia.
Na noite desta sexta-feira, em live no YouTube, o SNA divulgou a terceira proposta. Segundo ela, haveria um reajuste de 6,97% -considerando inflação pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) + 1%-sobre todas as cláusulas econômicas, como salários fixos e variáveis, diárias nacionais (diárias internacionais não entram no reajuste), vale-alimentação, piso salarial, seguro, entre outros.
A proposta também requer folgas com horários definidos publicadas em escala -mudanças, dependendo da situação e do tempo de antecedência de aviso, podem gerar multas de R$ 500.
A greve vinha sendo realizada diariamente desde a última segunda-feira (19), sempre das 6h às 8h. Quem aderiu ao movimento se apresentava para trabalhar, mas não fazia a decolagem.
Nesses cinco dias, a paralisação se deu nos aeroportos de Congonhas (São Paulo), Guarulhos (SP), Galeão, Santos Dumont (ambos no Rio), Viracopos (Campinas), Porto Alegre, Fortaleza, Brasília e Confins (Grande Belo Horizonte).
Nesta sexta (23), a paralisação afetou ao menos 20 aeroportos.
Até as 17h desta sexta, segundo a Infraero, o aeroporto de Congonhas teve 78 atrasos e 14 cancelamentos, considerando pousos e decolagens. No Rio, o Santos Dumont, também administrado pela empresa pública, houve 50 voos atrasados e seis cancelados.
A Infraero disse que os passageiros afetados deveriam procurar as companhias aéreas para informações sobre os voos, porque os transtornos podem não ter relação com a greve.
Também no Rio, o Galeão não registrou transtornos, segundo a assessoria do aeroporto.
Em Guarulhos, de acordo com a concessionária GRU Airport, três voos operaram com atraso durante a manhã. À tarde, a situação se normalizou e não houve mais nenhum atraso ou cancelamento. Viracopos, em Campinas, teve um atraso.
O Aeroporto Internacional de Confins, na Grande Belo Horizonte, apresentava ao menos seis atrasos e cinco cancelamentos no painel, considerando chegadas e partidas.
Em Brasília, até as 12h, 35 dos 96 voos previstos partiram com atraso, segundo a assessoria. Em Porto Alegre, o Aeroporto Internacional Salgado Filho registrava no painel virtual ao menos oito voos atrasados e dois cancelados. Já em Fortaleza, foram nove atrasos e um cancelamento.
Em nota publicada em seu site nesta sexta (23), o Snea, sindicato que representa as empresas aeroviárias, voltou a dizer que as negociações foram iniciadas em outubro. “Cabe destacar que se trata da terceira proposta negada pelo sindicato [dos aeronautas]. A primeira foi apresentada pelo Snea ainda no âmbito da negociação sindical”.
Após reuniões das empresas e dos aeronautas com o TST (Tribunal Superior do Trabalho), as companhias aéreas ofereceram na tarde de quinta (22) aos trabalhadores reposição total da inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de 5,97%, mais 1% de aumento real.
Conforme a proposta, o reajuste incide sobre salários fixos e variáveis, pagamento de diárias em todo o território nacional, seguro, multas por descumprimento da convenção coletiva e vale-alimentação.
O reajuste não incide sobre diárias internacionais por serem pagas em dólar americano, euro ou libra. A reposição salarial de todos os salários fixos e variáveis seria feita com base no INPC.
A categoria pedia inicialmente um aumento salarial de 5%, além da reposição inflacionária. Além da proposta menor, de 1%, os tripulantes não conseguiram incluir na convenção coletiva uma definição para horário de folgas e regras que impeçam a alteração dos descansos pelas empresas.
Segundo o presidente do SNA, Henrique Hacklaender, foram 59,25% dos votos contrários à proposta, entre 5.084 participantes da assembleia virtual, que ocorreu durante o período das 16h30 até o fim da noite de quinta.