O que Caiado precisaria fazer para despontar na direita brasileira e chegar competitivo na sucessão a Lula, em 2026
Cientistas políticos e especialista em marketing político indicam quais desafios o governador terá na construção da campanha e o que pode ser feito para que ele ganhe visibilidade
Cada vez mais ventilada nos bastidores, a possível candidatura do governador Ronaldo Caiado (UB) à Presidência da República em 2026 se depara com dificuldades para tornar-se competitiva ao longo dos próximos anos. Especialistas apontam a necessidade de “organização” da direita brasileira e a visibilidade em estados específicos enquanto os principais gargalos a serem superados pelo político goiano.
Em entrevista concedida à GloboNews na semana em que foi reeleito em primeiro turno, Caiado chegou a afirmar que se sente animado com a possibilidade de ser candidato a presidente em 2026. “Eu espero, depois ver como será meu segundo mandato, para entrar nessa discussão, que, sem dúvida nenhuma, nunca deixou de me animar na minha vida política”, afirmou.
Na ocasião, o governador também refletiu sobre a experiência da primeira candidatura, justamente para a presidente, em 1989. No pleito, que contou com 22 presidenciáveis, ele obteve menos de 1% dos votos. “Eu era o mais jovem candidato. Foi um momento histórico. Eu aprendi, depois daquilo, a gradualmente ir degrau por degrau”, comentou.
Para subir mais este degrau, segundo o cientista político Lehninger Mota, é necessário que Caiado lidere, em primeiro lugar, um movimento de “organização” da direita no país. “Nós temos vários nomes sendo citados a todo momento, como os governadores de São Paulo (SP) e Minas Gerais (MG), e o Caiado tem essa dificuldade de correr por fora na tentativa de organizar uma direita mais racional, que o Bolsonarismo deixou praticamente sem representantes”, avalia.
O analista acredita que o caminho para uma candidatura competitiva em 2026 é estar atento a pautas que são fundamentais para a direita brasileira e aproveitar espaços midiáticos para ganhar visibilidade. “Assuntos como a independência do Banco Central, a cobrança por uma política de juros responsável ou a política de gastos, são caros a este espectro político e motivo de crítica para Lula. Então ele pode ganhar uma voz mais alta que os outros governadores”, aponta.
Colégios eleitorais
Ao derrotar os candidatos de Lula e Bolsonaro que fizeram campanha em Goiás e agregar votos de ambos os lados, Caiado também mostrou uma grande força política e eleitoral. A análise é do cientista político Luiz Carlos do Carmo Fernandes. “Ele foi o grande vencedor dessas eleições e isso demonstra prestígio. Porém, ainda não é suficiente”, avalia.
De acordo com o professor, conquistar uma eleição presidencial depende muito de colégios eleitorais específicos. “Basicamente o candidato precisa ser visto e aceito por parte considerável dos estados do Sudeste, Nordeste e Sul. O maior ‘dificultador’ de Caiado é que ele está no Centro-Oeste, onde não há um grande colégio eleitoral. O partido dele também não tem grandes colégios atualmente”, pondera.
Divulgação das ‘marcas’
O estrategista de marketing político Márcio Lima avalia que o governador já tem trabalhado no sentido de construir uma candidatura competitiva. “Ele tem feito contrapontos com o Governo Lula, que se posiciona à esquerda, e investido na imagem de uma direita mais centrada, que é diferente da extrema”, analisa.
O especialista definiu prioridades que podem ajudar no fortalecimento do processo. “Se eu estivesse na equipe, abriria mais a divulgação de grandes marcas do governo, como o trabalho na Segurança Pública. A economia voltada para infraestrutura – que não teve grandes obras com o Governo Bolsonaro – e para o investimento em pessoas também são fatores que podem influenciar positivamente”, afirma.