Anápolis tem o segundo caso de ameaça de massacre em colégio; psicólogo faz alerta

Episódios vêm sendo registrados após ataque que terminou com uma professora morta em São Paulo

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Colégio Estadual Plínio Jaime. (Foto: Captura/Google Street View)

Em menos de uma semana, Anápolis registrou o segundo caso de ameaça de massacre em colégios do município. Dessa vez, o “aviso” foi dado por uma adolescente no meio de uma sala de aula.

Conforme apurado pelo Portal 6, a situação aconteceu no Colégio Estadual Plínio Jaime, na última quinta-feira (30).

A garota, que não teve a idade revelada, afirmou que faria uma chacina na instituição de ensino na próxima semana, vitimando cerca de 20 pessoas, em especial uma professora de português.

A declaração causou alvoroço entre os alunos da escola, gerando inclusive um início de tumulto no horário do recreio.

Diante dos fatos, a diretoria da unidade acionou a polícia, que conduziu a estudante, acompanhada pela mãe, e a professora para uma delegacia. Lá, a garota disse estar arrependida da ameaça, que teria sido feita no calor do momento e não passava de uma brincadeira.

Um outro caso ganhou repercussão nas redes sociais no mesmo dia, após um aluno pichar em um banheiro da Escola Municipal Pedro Ludovico Teixeira, na Vila Jaiara, que faria uma chacina no dia 25 de abril.

Ambos os episódios ocorreram após um ataque que terminou com uma professora morta em São Paulo.

No entanto, apesar de nada de concreto ter realmente acontecido em Goiás, ameaças de massacre estão gerando grande preocupação principalmente nos pais goianos.

Ao Portal 6, o psicólogo escolar e professor universitário Murillo Lima afirmou que é preciso que os pais e professores prestem atenção à sinais de risco que podem estar aparecendo nos estudantes.

Murillo Lima é psicólogo escolar e professor universitário em Anápolis. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Falas como ‘se eu tivesse uma arma eu matava’ ou ‘ele não sabe com quem ele está mexendo’, muitas vezes passam batido, mas merecem atenção”, apontou.

Murillo destaca também que, em grande parte dos casos em que os jovens acabam ameaçando cometer chacinas na escola, há um histórico de violência anterior – o famigerado bullying, onde as crianças são vítimas de discriminação, violência verbal e até mesmo física.

“Atualmente temos uma geração nascida em contato com o universo digital, que passa uma ideia de ‘terra sem lei’. Assim, acaba surgindo um cenário de muita violência nos espaços virtuais, pois as crianças acham que podem comentar o que quiserem e está tudo bem”.

Além disso, essa geração digital teria uma tolerância menor ao estresse, ocasionado pelo imediatismo das redes sociais, somado em muitos casos com uma negligência parental em relação aos sentimentos dos filhos.

“Os pais devem ser mais presentes, acolhedores, participando da vida escolar do filho. No ambiente digital, cabe aos pais fiscalizar o acesso que os filhos tem dentro do ambiente virtual da internet, num viés de cuidado”, afirmou Murillo.

O psicólogo também destacou que “muitas vezes, eles trazem angústias para as redes, e é interessante que os pais validem esse sentimento, não minimizando o que ele fala, dizendo que é frescura e ‘deixar para lá'”.

Por fim, ele também listou algumas políticas públicas que devem ser adotadas pelas instituições de ensino para auxiliar nas questões emocionais dos estudantes.

“Seria muito efetivo colocar profissionais da assistência social e da saúde mental na educação, seja no ensino infantil, fundamental ou médio. Além disso, realizar projetos psico-educativos junto aos alunos, trabalhando aspectos como combate ao bullying, fortalecimento à empatia entre os sujeitos, autoestima, e oferecer redes de apoio para reduzir os impactos vivenciados nas escolas”.

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