Há mais de um ano, pai que matou as filhas já dizia que cometeria crime se fosse traído

Conforme perfil traçado pela PC, ele não tinha histórico de violência, possuía boa relação com as crianças e não apresenta distúrbios psicológicos

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Ramon Souza Pereira. (Foto: Reprodução)

O motorista de aplicativo, Ramon de Souza Pereira, de 30 anos, que confessou ter matado as duas filhas, de 04 e 08 anos, a facadas e depois carbonizá-las, em Santo Antônio de Goiás, realizou o crime de maneira premeditada. A informação foi divulgada na manhã desta quinta-feira (1º) durante coletiva de imprensa na Secretaria de Segurança Pública (SSP). 

De acordo com o delegado responsável pelo caso, Marcus Cardoso, em depoimento, a esposa do homem alegou que, há cerca de um ano e meio, o marido já havia anunciado que mataria ela e as crianças caso flagrasse ou soubesse de alguma traição.    

Recentemente, um mês antes do crime, ele voltou a investir nessa linha de intimidação. Uma testemunha próxima à família afirmou que Ramon chegou a enviar áudios no celular dela afirmando que suspeitava de um possível relacionamento extraconjugal da esposa e que iria assassinar as filhas, se a hipótese se comprovasse.

“A gente verifica que essa conduta dele já tinha sido algo que estava na cabeça dele. Há um mês atrás ele já estava desconfiado das traições e ameaçando matar as crianças”, disse. 

A desconfiança fica clara na conduta do motorista de aplicativo um dia antes do crime. No domingo (21), Ramon questionou o próprio pastor – que era amante da esposa – se ele andava armado. 

Apesar do planejamento, o perfil traçado pela investigação é de que Ramon não possuía nenhum histórico de violência, tinha uma boa relação com as crianças e com a mulher e não tinha nenhum problema psicológico ou passagem pela polícia. 

“Todos os familiares dele e dela afirmaram que ele era bastante presente na criação das crianças, não tinha histórico de violência e era amoroso com as crianças […]”, explicou. 

Segundo o delegado, o laudo cadavérico das vítimas ainda não foi finalizado e, por isso, ainda não é possível saber o motivo exato da morte das meninas. 

Ramon foi indiciado e responderá pelos crimes de duplo homicídio qualificado por motivo torpe e por lesão corporal contra a esposa. A investigação foi concluída pela Polícia Civil (PC) e uma denúncia será encaminhada até o  Ministério Público de Goiás (MPGO).

Relembre o caso 

O corpo de Mirielly Gomes Souza, de 8 anos, e Cecília Gomes Souza, de 4 anos, foram encontrados na terça-feira (23), dentro de um carro carbonizado. 

De acordo com as investigações, o crime teria sido realizado após o motorista, suspeitando de uma infidelidade, ter colocado um rastreador no veículo da mãe das meninas, de 28 anos, sem que ela soubesse, segui-la e flagrar uma suposta traição dentro do automóvel.

Após ver a cena, ele teria se revoltado, agredido a mulher e, em seguida, pegado o carro dela e ido até a escola e a creche onde as meninas estudavam, no Jardim Curitiba.

Ao buscar as crianças nas unidades de ensino, o homem passou a enviar mensagens para a mãe das meninas informando que ela não iria mais vê-las. Ele também enviou áudios para alguns familiares afirmando que mataria as duas.

Por volta das 20h, o carro utilizado para a fuga foi encontrado pela Polícia Civil (PC) queimado em uma mata, no município, juntamente com os corpos das meninas.

Ele foi localizado, no dia seguinte, pela Guarda Civil Metropolitana (GCM), em um lago nas proximidades onde as crianças foram encontradas mortas, em Santo Antônio de Goiás. Ele tinha ferimentos na garganta e abdômen, após tentar tirar a própria vida.

O acusado chegou a ser encaminhado até à Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), mas devido à gravidade das lesões, teve que ser levado até um hospital.

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