Analfabetismo entre negros é mais que o dobro do registrado entre brancos

Proporção de pretos ou pardos que não sabem ler e escrever caiu ao menor nível de série histórica do IBGE (7,4%), mas disparidade persiste

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Analfabetismo entre negros é mais que o dobro do registrado entre brancos
Alunos participam de aula de alfabetização para adultos em São Paulo – (Foto: Keiny Andrade/ Folhapress)

LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A taxa de analfabetismo entre pretos e pardos caiu em 2022 para o menor nível (7,4%) de uma série histórica iniciada em 2016 no Brasil, mas ainda é mais do que o dobro da registrada entre brancos (3,4%).

Essa desigualdade é apontada por um levantamento divulgado nesta quarta-feira (7) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

De 2019 para 2022, a taxa de analfabetismo entre as pessoas pretas ou pardas de 15 anos ou mais recuou de 8,2% para 7,4% no país. Foi a primeira vez na série histórica que o indicador ficou abaixo de 8%.

Enquanto isso, a taxa de analfabetismo entre os brancos de 15 anos ou mais saiu de 3,3% em 2019 para 3,4% em 2022. Os números fazem parte de um módulo sobre educação da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).

A comparação é feita com 2019 porque os questionários desse levantamento foram interrompidos em 2020 e 2021 em razão das restrições da pandemia de Covid-19.

Segundo a metodologia utilizada na pesquisa, é considerado alfabetizado quem sabe ler e escrever um bilhete simples.

Em termos gerais, a taxa de analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais no Brasil recuou de 6,1% em 2019 para 5,6% em 2022. O nível mais recente é o menor da série histórica iniciada em 2016.

Em termos absolutos, o país ainda tinha 9,6 milhões de analfabetos em 2022 -eram 10,1 milhões em 2019. O contingente mais recente também é o mais baixo da série.

Do total de 9,6 milhões de analfabetos em 2022, 6,9 milhões eram pretos ou pardos, e 2,5 milhões eram brancos.

“O analfabetismo vem se reduzindo. Essa redução vem ocorrendo pelo fato de haver escolarização, de as pessoas estarem sendo alfabetizadas durante a infância, em função da obrigatoriedade do ensino básico”, disse Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE.

Pela primeira vez, mais da metade da população de 25 anos ou mais (53,2%) concluiu pelo menos a educação básica obrigatória -ou seja, tinha no mínimo o ensino médio completo em 2022.

Entre as pessoas pretas ou pardas dessa faixa etária, contudo, o percentual foi menor, de 47%. Entre as brancas, a proporção ficou acima da média, estimada em 60,7%.

Problema afeta mais os idosos

De acordo com o IBGE, o analfabetismo “está diretamente associado à idade”. Quanto mais velho é o grupo populacional, maior é a proporção de pessoas que não sabem ler e escrever.

Em 2022, a taxa de analfabetismo foi de 16% entre os brasileiros de 60 anos ou mais. Nessa mesma faixa etária, o indicador foi de 23,3% entre os pretos ou pardos e de 9,3% entre os brancos.

Os dados do IBGE também chamam a atenção para os desníveis regionais. No ano passado, o Nordeste tinha a taxa de analfabetismo mais alta (11,7%), e o Sudeste, a menor (2,9%). Sul (3%), Centro-Oeste (4%) e Norte (6,4%) completam a lista.

No grupo dos idosos (60 anos ou mais), as diferenças são ainda mais marcantes. Nessa faixa etária, a taxa foi de 32,5% no Nordeste e de 8,8% no Sudeste.

Entre as unidades da Federação, os maiores níveis de analfabetismo foram observados no Piauí (14,8%), em Alagoas (14,4%) e na Paraíba (13,6%).

As menores taxas são do Distrito Federal (1,9%), do Rio de Janeiro (2,1%), de São Paulo (2,2%) e de Santa Catarina (2,2%).

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