Delegacia do Idoso recebe entre 10 e 15 denúncias de maus tratos todos os dias, revela Vanderic

"Os agressores, 99%, filhos, netos ou parentes próximos, que se apropriam da aposentadoria, agridem psicologicamente, fisicamente, e até sexualmente", afirma o delegado

Davi Galvão Davi Galvão -
A Delegacia do Idoso de Anápolis recebe cerca de 15 denúncias por dia. (Foto: Reprodução)

Em pleno junho violeta, mês de combate à violência contra a pessoa idosa, o delegado Manoel Vanderic, responsável pela Delegacia do Idoso, trouxe números alarmantes quanto a este cenário na cidade. Segundo o titular da especializada, os agentes policiais recebem cerca de 10 a 15 denúncias diariamente.

Ao Portal 6, Vanderic explicou que, na grande maioria dos casos, são os parentes mais próximos que maltratam e abusam dos pais e avós.

“Os agressores, 99%, filhos, netos ou parentes próximos, que se apropriam da aposentadoria, agridem psicologicamente, fisicamente, e até sexualmente”, revela.

O delegado afirma que um dos fatores que fazem com que tantos casos aconteçam é justamente a reincidência dos crimes. Para ele, o Estatuto do Idoso, com penas de menor potencial, faz com que os algozes não fiquem presos. Além disso, por vezes, as medidas protetivas se mostram ineficazes.

Outro problema que ele destaca é a necessidade de o idoso, da maneira como a lei está escrita, ter de consentir com a intervenção policial. Vanderic explica que na maior parte das vezes as denúncias não partem da vítima, justamente pela relação de proximidade com o agressor.

Assim, quando as autoridades vão checar a situação, muitos dos violentados se recusam a colaborar, temendo pela integridade dos filhos e netos mesmo tendo eles sido os autores das agressões. De tal modo, os policiais não podem dar prosseguimento à ocorrência.

Além disso, o delegado revela que nem sempre prisões e multas são as melhores soluções para os casos. Quando o autor é detido, por causa da relação de dependência, há situações em que o próprio idoso contrata um advogado para tentar reverter a situação.

“E quando a pena é pecuniária, as vezes pelo afeto, o próprio idoso acaba fazendo empréstimos e se endividando para conseguir o dinheiro”, afirma.

Para Vanderic, a legislação atual não consegue lidar com o problema, e aliado a falta de vagas em asilos estatais, a situação só piora.

“Tem a punição mas não funciona, eu acho que é uma questão educacional e geracional, com a tendência sendo piorar. O que mudaria nisso seria a educação, o que eu acho muito difícil a gente ter”, lamenta.

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