Manobra de Dominguinhos impediu que Roberto Naves fosse humilhado com derrota na Câmara
Entre outros projetos polêmicos, prefeito de Anápolis quis aumentar alíquota previdenciária dos servidores de 14% para 22%
O prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PP), ficou muito perto de sofrer a primeira derrota na Câmara Municipal desde que chegou ao poder, em 2017.
Nesta sexta-feira (30), era esperado que um total de nove projetos de leis de autoria do chefe do Executivo Municipal fossem votados em sessão extraordinária.
Dentre eles, o mais polêmico, em princípio, queria aumentar alíquota previdenciária dos servidores de 14% para 22%.
A medida revoltou o funcionalismo municipal, que compareceu em peso ao prédio da Câmara muito antes do início dos trabalhos.
Isso fez com que o início da sessão atrasasse, já que o líder do prefeito, Jakson Charles (PSB) e auxiliares, tentaram negociar com sindicatos alterações no projeto de lei.
Diversos servidores, majoritariamente da saúde e da educação, acompanhavam o desenrolar da sessão. Os protestos e palavras de ordem dos manifestantes culminaram em várias interrupções na sessão por parte do presidente da Câmara, vereador Domingos Paula (PV).
Uma delas, em especial, gerou revolta no ambiente quando Dominguinhos, como é conhecido na política anapolina, suspendeu os trabalhos rindo dos servidores.
Mais revolta ainda ele causou ao encerrar de vez a sessão quando ficou claro que os projetos que impactariam o funcionalismo seriam derrotados se colocados em votação.
Dominguinhos, a partir da solicitação de Luzimar Silva (PMN), consultou apenas os líderes das bancadas e não a totalidade dos vereadores presentes. A votação ficou 8×5 para o grupo político de Roberto Naves, evitando assim a derrota humilhante do prefeito.
Votariam contra os projetos os vereadores Seliane da SOS (MDB), Professor Marcos (PT), Policial Federal Suender (PRTB), José Fernandes (MDB), Dra. Trícia (MDB), Jean Carlos (UB), João da Luz (PSC), Hélio Araújo (PL), Lisieux (PT) e Edmilson do Mercado Serve Bem (PV).
As ausências ficaram por conta de Andreia Rezende (SD), que alegou estar em viagem; Thais Souza (PP), que justificou por ter exame agendado com sedação e Cabo Fred Caixeta (Avante), que simplesmente não compareceu à sessão.
Professor Marcos, do PT, classificou o evento como sendo um “dia histórico”.
“Hoje seria uma vitória dos servidores, dos professores e infelizmente a sessão foi suspensa e nós não conseguimos consolidar essa vitória. Nós seguimos vigilantes, juntos, unidos, para que possamos conquistar essa vitória lá na frente”, pontuou o parlamentar.
A sensação de triunfo foi compartilhada por Gratoni Gratão, presidente do SindAnápolis.
“A sessão foi suspensa justamente porque eles não teriam votos suficientes. Então, nós não só do sindicato, mas todos os servidores, nos consideramos vitoriosos”, disse.
Gratoni também considerou o abrupto encerramento como sendo um “constrangimento” para o poder Legislativo.
“É de um constrangimento [o encerramento] porque os primeiros projetos foram aprovados e tiveram continuidade. Então, por que eles tiveram que encerrar a sessão? Só porque não tinham votos suficientes?”, questionou o sindicalista.
Líder da bancada do MDB, Seliane da SOS (MDB) foi contrária ao encerramento dos trabalhos. A parlamentar qualificou a atitude de Domingos como “lamentável” e um “desrespeito” com à população.
“Pela primeira vez o prefeito iria perder aqui. Eles encerraram a sessão por causa disso”, destacou.