Saúde de Trindade confirma investigação interna para apurar morte de três crianças na mesma UPA

Ao Portal 6, pasta afirmou ter designado psicóloga para acompanhar as famílias das vítimas; processo de sindicância segue em sigilo

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Ayslla Helena Souza Lopes, uma das crianças que perdeu a vida. (Foto: Reprodução)

Três casos de complicações fatais em crianças, que tiveram injeções aplicadas em uma mesma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Trindade, ganharam repercussão estadual nos últimos quatro dias, mobilizando denúncias e questionamentos por parte das famílias.

O terceiro caso, apesar de ter acontecido ainda em 2019, veio a público nesta sexta-feira (11), após uma apuração da CBN Goiânia, que destacou a história de Luzia Neves Lima, que também perdeu o filho na UPA Dilson Alberto de Souza. O Portal 6 já havia noticiado as outras duas ocorrências ao decorrer da última semana. Após tais casos ganharem popularidade, Luzia também compartilhou a trágica experiência que vivenciou no local.

À CBN Goiânia, ela relatou que perdeu o filho, de apenas 01 ano e dois meses, após levá-lo à unidade com dor de garganta. O bebê havia apresentado dificuldade de amamentar por conta da dor, o que motivou a mãe a procurar ajuda médica, no dia 12 de março de 2019.

A criança ficou internada por dois dias, em observação, e faleceu após tomar uma injeção no bumbum. De acordo com a mãe, o filho já apresentou sinais de que algo estava errado logo após a injeção – cor pálida, vômito e desconforto.

Na época, um laudo mostrou que o bebê teve sepse, que se trata de infecção generalizada. Porém, segundo apurado pelo veículo, o pai da criança, José Fernando Silva, acredita que não foi feita a devida investigação.

A mãe ainda relatou que procurou a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Trindade para investigar o ocorrido. No boletim de ocorrência, registrado à época, foi constado que a criança tomou duas injeções, na perna e no bumbum.

Como ela foi diversas vezes à delegacia e ainda não teve respostas, os pais decidiram acionar o Ministério Público de Goiás (MPGO) com suspeita de negligência médica. Contudo, o caso foi arquivado por falta de indícios de culpa por parte da equipe médica.

Com o aparecimento de novos casos ocorridos neste ano, na mesma UPA, a família busca retomar a investigação.

Portal 6 entrou em contato a Secretaria Municipal de Saúde de Trindade, para obter mais detalhes sobre os casos e saber se está algum tipo de apoio está sendo prestado às famílias, além também de confirmar se alguma investigação interna foi realizada e quais medidas estão sendo tomadas para evitar que outros casos do tipo possam acontecer.

Em nota, a pasta sustentou que uma sindicância administrativa interna segue em andamento, mas que os detalhes da investigação permanecem em sigilo. Foi informado também que a Prefeitura preza pelos cuidados com as famílias e que todos os resultados serão divulgados assim que o processo for concluído.

Segue a nota na íntegra:

A Prefeitura de Trindade esclarece que a sindicância administrativa interna, junto ao Núcleo de Segurança do Paciente, está em andamento e o processo é sigiloso para preservar as informações sobre os pacientes, as famílias e os profissionais envolvidos. Assim que os resultados estiverem consolidados os mesmos serão divulgados. A Prefeitura de Trindade preza pelo cuidado com os dados para que não seja cometido nenhum ato que venha a prejudicar qualquer uma das partes.

Uma equipe da Secretaria Municipal de Saúde, com uma psicóloga especializada, está acompanhando a família de Aysla Helena Souza Lopes. As visitas serão diárias com sessões para os familiares que desejam ser atendidos pela profissional.

Todos os documentos solicitados pela Polícia Civil foram encaminhados pela Secretaria de Saúde de Trindade dentro do prazo determinado. A partir daí, as decisões sobre os depoimentos, como data e horário, fica sob a responsabilidade da Polícia Civil.

A Secretaria Municipal de Saúde mantém na UPA duas diretorias, técnica e administrativa, responsáveis por acompanhar o trabalho executado diariamente na unidade de saúde. A diretoria administrativa é responsável por manter as capacitações/atualizações constantes dos profissionais. Além disso, o Núcleo de Segurança do Paciente é responsável por promover e apoiar a implementação de ações voltadas à segurança do paciente.

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