Delegado Manoel Vanderic explica o que está por trás do aumento de crimes de racismo em Goiás

Estado é destaque nacional ao se comparar dados dos anos de 2021 e 2022

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Delegado Manoel Vanderic. (Foto: Captura)

Entre 2021 e 2022, Goiás teve um crescimento de 246,5% em números de casos denunciados de racismo – ganhando destaque nacional de acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023. No entanto, o número assustador aponta para uma realidade que, para o delegado Manoel Vanderic, pode ser positiva.

O levantamento destacou que, em 2022, os registros de racismo saltaram de 51 para 179 em Goiás – a maior variação entre todos os estados. Além disso, foram 576 casos de injúria racial em 2021, enquanto foram 865 em 2022 – um aumento de 48,3%.

Ao Portal 6, o delegado da Polícia Civil (PC) de Anápolis apontou que o número de denúncias é alavancado principalmente por Anápolis, Aparecida, Rio Verde e demais cidades metropolitanas. “Em Anápolis, recebemos denúncias de racismo quase que diariamente, das mais diversas formas. É mais explícito que a homofobia. As pessoas não têm pudor em serem racistas. No trabalho, na família, na rua, no Uber, no restaurante, em todo lugar”.

Contudo, o estado como um todo possui números alarmantes por carregar os resquícios da escravidão. “Somos do agro, temos uma raiz de fazenda, onde historicamente o racismo esteve mais enraizado e ainda está enraizado na nossa cultura. Essas estatísticas gigantescas demonstram isso”, destacou.

Sendo assim, de acordo com o delegado, embora os números sejam altos, não apresentam, necessariamente, o crescimento de casos. “Um dos fatores importantes a serem considerados é a criação dos Geacris – grupos de crimes de intolerância, que apura, inclusive, o racismo”, explicou.

O delegado afirma que a quantidade de vítimas não aumentou, mas sim o acesso às equipes especializadas e a quantidade de pessoas dispostas a levarem a denúncia adiante.

Quanto à expectativa de diminuir os casos, Manoel aponta que a legislação atual já atua como inibidora, e, “agora a questão é educação e cultura – e não se muda do dia para a noite. A cultura escravagista no Brasil, preconceituosa, durou muito tempo, ainda somos racistas e vai durar muito tempo ainda”, finalizou.

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