Especialista faz alerta para crescimento de casos de HIV em Goiás: “problema muito sério”

Estado registrou mais de 17 mil casos em 2023; Anápolis aparece entre as cidades com mais diagnósticos

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Público mais exposto é o masculino (Foto: SES-GO)

Goiás tem vivido uma crescente notável nos casos de HIV nas últimas décadas, chegando ao ápice em 2018, quando foram registrados 1.753 diagnósticos – uma taxa de 25,6 a cada 100 mil habitantes.

De acordo com o infectologista Marcelo Daher, para que tal cenário mude, é necessário despolarizar o estado e investir de forma massiva na saúde preventiva para que alcance os grupos com maior risco de exposição.

Ao Portal 6, o especialista apontou que o público que mais registra crescimento do vírus é o masculino, de 15 a 30 anos. “Estamos falando de doenças relacionadas à relação sexual. Obviamente, a frequência de exposição é muito maior entre os jovens que as pessoas mais velhas”, explicou.

Além disso, a fatia que concentra a preocupação é a de homem que tem relação sexual com homem. Em Goiás, no ano de 2023, foram registrados um total de 17.078 casos, sendo que o sexo masculino contabilizou 13.314, contra as 3.754 mulheres. Há ainda 10 casos que não foram especificados no boletim da Secretaria de Saúde (SES-GO).

Diante disso, os indicadores apontaram que Itumbiara é onde o foco dos esforços deveria estar, com 44,1 casos a cada 100 mil habitantes, seguido por Goiânia, com uma taxa de 43,2.

Lagoa Santa, Rio Verde, Jataí, Caldas Novas e Anápolis também ocupam as principais posições. Sendo assim, de acordo com o médico, o cenário é estável, no entanto, sem sinal de queda tão cedo.

Isso porque, embora o número de pacientes indetectáveis seja bom, ainda há um número baixo de pessoas vulneráveis que fazem uso da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), afirmou. Segundo o infectologista o maior desafio para o controle da doença é fazer com que a saúde preventiva chegue no público vulnerável, assim como fazer com que os próprios governantes advogam pelo método.

“Temos uma polarização que tem levado a um não investimento de políticas públicas de prevenção. Tenho visto publicações questionando o uso do PrEP, achando que não traz benefício, sendo que há várias comprovações de benefícios”, destacou.

Apesar disso, de acordo com o médico, é possível que Goiás veja uma queda nos novos casos, desde que haja as devidas mudanças. “É um problema muito sério, porque sem investimento e sem que haja uma credibilidade nos mecanismos de proteção, nós não vamos atingir esse objetivo [diminuição de casos]”.

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