Lula fala em levar premiê japonês a churrasco para convencer país a comprar carne brasileira

Abertura do mercado japonês para carne brasileira é um pleito antigo do governo brasileiro

Folhapress Folhapress -
Lula fala em levar premiê japonês a churrasco para convencer país a comprar carne brasileira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), recebeu na manhã desta sexta-feira (03), no Palácio do Planalto, o Primeiro-Ministro do Japão, Fumio Kishida para reunião bilateral, seguida de assinatura de atos e declaração à imprensa. Os dois lideres abordaram temas como comércio bilateral, cooperação em iniciativas ambientais e transição energética. (Foto: Gesival Nogueira/Ato Press/Folhapress)

MATHEUS TEIXEIRA E RICARDO DELLA COLETTA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu nesta sexta-feira (3) ao primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, que o país asiático comece a comprar carne brasileira, um pleito feito desde 2005.

Em declaração à imprensa após reunião bilateral no Palácio do Planalto, o petista falou em tom de brincadeira para o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), levar o líder japonês a uma churrascaria em São Paulo. Alckmin e Kishida cumprirão agenda na capital paulista nos próximos dias.

“Se tiver em São Paulo, Alckmin, por favor, leve o primeiro-ministro Fumio para comer um churrasco no melhor restaurante de São Paulo, para que na semana seguinte comece a importar nossa carne, para poder gerar desenvolvimento”, disse Lula.

Kishida, por sua vez, não mencionou o assunto em seu discurso.

A abertura do mercado japonês para a carne brasileira é um pleito antigo do governo brasileiro – o Brasil já exporta frango para o país asiático.

Hoje, o Japão importa carne bovina principalmente de dois fornecedores: Estados Unidos e Austrália.

O argumento dos negociadores brasileiros é que a carne do país não competirá com a produção local no Japão. Isso porque a carne brasileira seria usada como insumo para outros processados.

Outra argumentação é que as condições sanitárias hoje são muito melhores do que em 2005.

Mesmo que o Japão abra seu mercado para a carne brasileira, ela entraria no país pagando um imposto superior ao aplicado aos produtos americanos e australianos. Acordos comerciais entre o Japão e esses países garantem a eles a aplicação de um imposto menor.

Apesar dessa taxação, diz o Itamaraty, o produto brasileiro seria competitivo no mercado japonês.

Lula aproveitou a declaração ao lado de Kishida para fazer um relato de uma situação semelhante que ocorreu em seu governo anterior.

Lula disse que, durante visita do então premiê Junichiro Koizumi, serviu ao líder japonês mangas para defender que o país asiático aceitasse comprar frutas brasileiras. O Japão alegava preocupação com um determinado tipo de praga.

“Quatro ou cinco meses depois nós exportamos a primeira carga de frutas para o Japão e muitas mangas que saíram do aeroporto de Petrolina, em Pernambuco, para exportar para o Japão. E assim que a gente vai fazendo as coisas acontecerem”, disse Lula. “Ninguém ama o que não conhece, ninguém gosta do que nunca experimentou”.

A visita ocorre em meio a uma operação do primeiro-ministro para fortalecer os laços econômicos entre seu país e a América do Sul como contraponto aos esforços de China e Rússia para liderar países em desenvolvimento.

Além da reunião no Planalto, os líderes participam de um almoço no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

Há quase um ano, em maio do ano passado, Lula se encontrou com Kishida na cúpula do G7 em Hiroshima. Na ocasião, o premiê prometeu isenção de visto de curta duração para brasileiros e confirmou um empréstimo futuro de 30 bilhões de ienes (R$ 1,09 bilhão) para saúde e outros setores.

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