Família de jovem bombeiro anapolino pede ajuda após ele perder tudo nas enchentes do RS e seguir resgatando pessoas

Casa do militar foi coberta de água até o teto, levando embora todos os bens e até mesmo veículos

Thiago Alonso Thiago Alonso -
Casa onde o bombeiro morava ficou coberta até o teto. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Os dias do bombeiro anapolino Herik Luis de Souza, de 29 anos, tem se resumido basicamente em trabalho. O soldado, que mora em Canoas, no Rio Grande do Sul, está na linha de frente dos resgates das enchentes que atingem o estado.

Tudo começou quando, na última sexta-feira (03), o profissional fez uma ligação para a mãe explicando que iria colocar todos os eletrodomésticos em cima da cama, pois a previsão seria de que a água subisse cerca de um metro.

O que ele não imaginava é que, horas mais tarde, a casa onde ele vive com a esposa, um gato e dois cachorros, estaria coberta até o telhado, fazendo com que ele perdesse tudo.

(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

“Tudo começou com uma simples monitorização da água subindo. Minha intenção era garantir a segurança da minha família, mas a água subiu rapidamente. Saí de casa com água na cintura, um momento assustador”, relembrou Erick, em entrevista ao Portal 6.

Assim, o militar se dirigiu a um dos quartéis do Corpo de Bombeiros, onde se abrigou e desde o primeiro momento se dedicou a ajudar.

“Desde o primeiro momento, já começamos a fazer esse salvamento pelo caminho que a gente passava. Praticamente, eu não parei pra pensar na minha situação ainda”, destacou.

Ele ainda contou que chegou a voltar para a residência para buscar um carro e uma motocicleta que haviam ficado no local, mas não conseguiu salvar os veículos.

Ele não conseguiu salvar os automóveis. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

“Eu tentei sair do bairro ali de carro, não deu. Tentei sair de moto, também não deu. Estava tudo tomado por água”, explicou.

“Eu sei que eu perdi tudo, mas não parei pra botar ficha na máquina, falar, ‘opa! Perdi tudo’. Foi algo assustador. Não parei para pensar nos problemas, apenas nas soluções”, completou.

Recomeço

A reportagem também fez contato com Nataly Luis Ribeiro de Souza, mãe de Herik, que em entrevista, disse que ao ver a situação do filho, não pensou duas vezes em ajudar o jovem, que sempre sonhou em ser bombeiro.

“Erick sempre quis ser bombeiro. Toda vida falava que precisava ser bombeiro, que a carreira militar estava no sangue dele”, conta a mulher, orgulhosa.

Dessa forma, ela resolveu abrir uma vaquinha para arrecadar dinheiro para o filho começar a vida novamente.

“Quando eu optei por fazer, foi para pra ajudar e ele, no primeiro momento, não quis de jeito nenhum, ficou com vergonha”, comentou a mãe, apreensiva.

Vaquinha já soma mais de R$ 2,4 mil arrecadados. (Foto: Captura/Vakinha)

“Eu falei ‘meu filho, agora está tudo bem, você está comendo, está ajudando o povo. Mas e depois quando você for voltar pra sua casa e casa mãe? Tem que ter pelo menos um básico, não tem?’ A gente não quer arrecadar milhões, só o básico para ele retomar a vida”, explicou Nataly.

Ela ainda relatou que o filho não tem tido tempo para nada desde a sexta-feira (03), e que tem vivido para trabalhar.

“Ele tem uma vocação para ajudar, para lidar, eu nunca vi uma pessoa realizada numa profissão igual ele”, afirmou a mãe.

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