Justiça pela jovem atraída para emboscada e cruelmente morta com 14 facadas pelo ex em Anápolis

Após feminicídio, homem enterrou o corpo da vítima no quintal de sua casa e planejava concretar o local para ocultá-lo definitivamente

Caio Henrique Caio Henrique -
Renan foi julgado e condenado a 31 anos de prisão pelo crime bárbaro. (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)

Das 09h até às 15h desta quarta-feira (15), o Fórum de Anápolis – que contou com a presença de advogado, promotor, escrivão, testemunhas, juiz e os sete sorteados para compor o júri – foi palco do julgamento de Renan Vieira dos Santos Lisboa, acusado de matar a ex-companheira, indefesa, com 14 facadas.

Passadas as 06h de procedimentos legais, o suspeito foi tido como culpado. Diante da decisão, o juiz Fernando Augusto Chacha de Resende arbitrou uma pena de 31 anos, sendo 30 destes por conta do feminicídio, assim como as três respectivas qualificadoras – motivo fútil, meio cruel e recurso que dificulta a defesa.

O ano adicional foi contabilizado devido a ocultação de cadáver – elemento crucial na investigação do caso que chocou a cidade.

Sobre o crime

No primeiro dia do mês de fevereiro de 2023, a vítima, Altaise de Souza de Oliveira, de 26 anos, havia atendido – após 1 mês de insistência – o pedido do suspeito e ido até a casa dele para uma suposta reconciliação que, em tese, seria acompanhada de presentes e até mesmo um novo iPhone.

Ao invés disso, logo após sair do banho, ela se deitou e foi atacada – seminua e indefesa – com 5 facadas nas costas e outras 9 no tórax. A perícia indicou que sequer houve uma tentativa de defesa, ou até mesmo um indício natural de reação do corpo.

Ela estava separada de Renan desde a virada do ano de 2022 para 2023, quando ele teria a agredido durante uma festa de Réveillon da empresa que trabalhava. Na ocasião, a mulher procurou a Polícia Civil (PC) para representar criminalmente e pedir medidas protetivas.

Desde então, estiveram separados. Neste meio-tempo, Altaise buscou refúgio na casa de uma amiga, mas foi constantemente contatada pelo ex, que dizia estar mudado e pedia uma “segunda chance”.

Muita bebida, pouca moderação

Algumas semanas após o assassinato, já no último dia do mês de fevereiro (28), o acusado saiu para beber em um bar nas proximidades de onde morava – no Jardim Santa Cecília, região Oeste de Anápolis.

Lá, após algumas doses, ele teria começado a detalhar o crime aos presentes – em alto e bom som – afirmando ainda que ocultou o cadáver no quintal e que, junto de um amigo, estaria utilizando concreto para construir um contrapiso, dificultando o acesso.

Assustada, uma testemunha saiu do ambiente e conseguiu localizar uma guarnição da Polícia Militar (PM), informando todo o ocorrido. Os militares agiram com rapidez e conseguiram localizar Renan que, mais uma vez, confessou os atos.

Detalhes perturbadores

Após ser preso em flagrante, o réu ficou detido no presídio de Anápolis até esta quarta-feira (15), quando aconteceu o julgamento.

Neste período, detalhou que planejava fugir para o estado de Minas Gerais quando foi pego e que havia iniciado a destruição do contrapiso – provavelmente para queimar o corpo que havia sido enterrado.

Durante o tribunal do júri, ainda tentou apresentar uma versão diferente, afirmando ter agido em legítima defesa no dia do crime. Porém, a posição do corpo da vítima e demais dados periciais derrubaram o argumento por terra.

Alerta às mulheres

Em entrevista ao Portal 6, o titular da 16ª Promotoria de Justiça da Comarca de Anápolis, Eliseu Antônio da Silva Belo, deixou um recado para as mulheres, tendo em vista o caso em questão.

“Quando estiverem em um relacionamento tóxico e decidirem sair, saiam de vez”, sustentou.

“Não deem brechas para falsas promessas, falsas afirmações, falsas realidades. Não arrisquem as suas vidas”, completou o promotor.

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