Médico acusado de matar jovens atropelados na T-63 pede R$ 1 milhão para seguradora

Na ação, profissional, cujo veículo está avaliado em R$ 350 mil, não menciona mortes, alta velocidade e nem dá detalhes sobre ocorrido

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Foto mostra frente de carro e moto destruídos, em Goiânia (Foto: Divulgação/Polícia Civil)

Acusado de matar duas pessoas durante um acidente de trânsito no viaduto da T-63, no Setor Bueno, em Goiânia, em abril de 2023, o médico Rubens Mendonça Júnior, de 31 anos, entrou com um processo na Justiça para cobrar cerca de R$ 1 milhão para a seguradora responsável pela apólice de seguro do próprio veículo, um Volvo/XC. 

O automóvel, que é de 2023, está avaliado em R$ 350 mil e teve perda total, após a grave colisão. 

No pedido, além do valor integral do carro, o profissional também solicita que outras indenizações previstas no contrato, como danos materiais, corporais e morais estéticos, sejam cumpridas. 

Na petição, ele não cita as mortes, nem o excesso de velocidade no momento do ocorrido e, tampouco, entra em detalhes. Ele resume afirmando que “acidentou o veículo segurado, batendo-o em veículos e motocicleta” e completa que o “acidente se deu por conta de circunstâncias alheias à vontade do requerente”. 

Ele ainda reclama do fato da seguradora ter negado o pagamento. A operadora afirmou que ele “trafegava com velocidade acima do permitido para o local, sem nenhuma justificativa plausível para tanto”.

“Certo é que o autor  jamais agravou o risco contratado com a seguradora ré, mesmo porque seu veículo era seminovo, de alto valor econômico, não sendo crível que ele colocasse seu interesse segurado desprotegido. Além do mais, consabido é que um veículo premium, quando sinistrado, perde sensivelmente seu valor de revenda, o que, definitivamente, o autor jamais buscou”, rebate a defesa do médico na ação. 

Rubens também argumenta que pagou o prejuízo dos veículos atingidos para evitar um “dano maior” e reclama dos sete processos movidos contra ele na Justiça, por parte das vítimas feridas e familiares, que cobram indenização por danos morais e materiais. Ao todo, os valores pedidos já somam R$ 8,76 milhões.

Um dos principais motivos do pedido se deve a uma decisão, emitida em 18 de abril, pelo juiz da 2ª Vara de Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri, Lourival Machado da Costa. 

Na decisão, ele manteve a desclassificação do tipo de crime pelo qual o médico responde em relação ao acidente e nega os pedidos de revisão apresentados pelos advogados das famílias das duas vítimas que morreram. A decisão ainda segue em um impasse desde agosto de 2023. 

Em tempo 

O acidente aconteceu às 23h45 no momento em que Rubens, que estava acompanhado da esposa, passava pela Avenida T-63 e acelerou o carro ao sair do cruzamento com a Avenida T-4. 

Ao passar pelo ponto mais alto do viaduto, o veículo teria saído do chão e, ao voltar, o médico perdeu o controle do automóvel e atingiu a motocicleta que estavam o motoboy Leandro Ferreira Pires, de 23 anos, e o garçom David Antunes Galvão, de 21. Ambos morreram no local e outras duas pessoas ficaram feridas.  

Nas investigações, foi descoberto que o homem teria alcançado a velocidade de 148 km/h, sendo que o limite permitido no local é de 50 km/h.

Inicialmente, ele foi denunciado por homicídio dolo eventual. Durante o processo, ele afirmou que o acidente aconteceu por falta de habilidade dele com o carro e que um outro veículo teria tentado fechá-lo, o que motivou a perda de controle. 

Já em abril, a Justiça de Goiás manteve a decisão de desclassificar o crime pelo qual o médico estava sendo acusado de duplo homicídio qualificado no Código Penal. O caso ainda segue em impasse e os advogados das famílias das vítimas seguem recorrendo da decisão. 

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