Justiça inocenta casal líbio-brasileiro preso por tráfico na Turquia, diz defesa

Os dois passaram a ser suspeitos de tráfico quando duas malas com 37 quilos de cocaína foram enviadas à Istambul

Folhapress Folhapress -
funcionário
Justiça. (Foto: Ilustração/Pexels)

FÁBIO PESCARINI

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Justiça da Turquia inocentou nesta terça-feira (21) o casal líbio-brasileiro Ahmed Hasan e Malak Hasan, preso desde novembro do ano passado por suspeita de tráfico de cocaína.

Segundo a advogada Luna Provázio, que defende o casal no Brasil, nesta terça foi realizada a terceira e última audiência do caso e em até uma semana os dois poderão poderão retornar para a Líbia, país onde moravam antes da prisão.

“O processo foi encerrado e a sentença declarando a inocência do casal foi proferida na própria audiência”, afirmou a defensora.

Os dois passaram a ser suspeitos de tráfico quando duas malas com 37 quilos de cocaína foram enviadas à Istambul com etiquetas de bagagem em nome da esposa do empresário.

No processo, a defesa sustentou que ambos foram vítimas de troca de etiquetas de bagagens no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, de onde embarcaram, e as malas apreendidas na Turquia não eram deles.

A troca de etiquetas em bagagens para tráfico internacional de drogas não é inédita no país. As brasileiras Kátyna Baía e Jeanne Paolini ficaram 38 dias presas em Frankfurt no ano passado, pela mesma acusação. Elas foram soltas e a Justiça da Alemanha decidiu que elas terão direito a uma indenização pela prisão injusta.

A defesa no Brasil (que é a mesma nos dois casos) argumentou durante o processo na Turquia que o casal detido em Istambul foi vítima da quadrilha que trocou as etiquetas das malas das brasileiras em Guarulhos.

Em março, testemunhas haviam dado depoimentos favoráveis à inocência de Ahmed e Malak Hasan.

Os dois foram presos em 30 de novembro, após julgamento no Tribunal Criminal da Turquia.

O empresário estava há cerca de seis meses sem poder sair da Turquia aguardando o julgamento por tráfico internacional de drogas.
Malak, que estava no Líbia, foi a Istambul naquele dia para participar da audiência na Justiça, pois disse ter acreditado que o processo seria encerrado, mas também acabou presa.

Ahmed e Malak são do Líbia, mas têm nacionalidade brasileira, porque os dois filhos –de 1 e 2 anos– nasceram no Brasil, e ainda são cidadãos turcos por causa das empresas que têm naquele país.

Eles moravam no Brasil, mas decidiram voltar a viver no Líbia, país no norte da África.

Em 22 de outubro de 2022, Ahmed e Malak partiram de Guarulhos, onde despacharam diversas bagagens. A família desceu em Istambul e ficou alguns dias na Turquia, onde Ahmed tem uma empresa, antes de chegar à Líbia.

O empresário passou seis meses na Líbia sem nenhum problema. Mas, em 19 de maio de 2023, foi à Turquia para tratar de seus negócios.

Após chegar no aeroporto de Istambul ficou um dia detido sem saber o que estava acontecendo.

No dia seguinte, ele conseguiu contato com uma advogada e soube que estava sendo acusado de tráfico internacional de drogas. O empresário foi proibido de sair do país e acabou preso em novembro.

Em outubro passado, a Polícia Federal disse que as autoridades turcas pediram informações sobre Malak em 10 de julho passado, mas as imagens não estavam mais disponíveis devido ao tempo decorrido.

Contudo, disse a PF, descobriu-se que algumas das etiquetas impressas para as malas despachadas por Malak foram retiradas de suas bagagens e reutilizadas nas malas com droga no voo de 26 de outubro de 2022, culminando com a apreensão dos 43 kg de cocaína em malas com o seu nome na etiqueta.

A GRU Airport, concessionária que administra o aeroporto Internacional de São Paulo disse no ano passado que o manuseio das bagagens, desde o momento do check-in até a aeronave, é de responsabilidade das empresas aéreas.

Na época das prisões, a companhia aérea Turkish Arline afirmou que estava checando as informações.

No último dia 24 de abril, a Polícia Federal cumpriu quatro mandados de prisão temporária, além de sete de busca e apreensão, em São Paulo e Guarulhos. O grupo, de acordo com a corporação, é suspeito de trocar de etiquetas em aeroportos, substituindo a bagagem de viajantes por malas com drogas.

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