Anapolinos relembram histórias sobrenaturais que vão desde pegadas misteriosas a aparições noturnas
Portal 6 preparou uma seleção de "causos" de assombração, espíritos e outras formas de se apavorar vividas por quem mora no município
Um calafrio que sobe pela espinha, frio na barriga ou até a sensação de estar sendo observado. Quem nunca passou um medo que poderia muito bem ser obra do sobrenatural? Novamente, a sexta-feira caiu no dia 13, data conhecida pelo azar e pelas histórias de terror e susto que se tornaram uma tradição.
Após colher relatos e desabafos, o Portal 6 preparou uma seleção de “causos” de assombração, espíritos e outras formas de se apavorar vividas em Anápolis. Afinal, como disse o famoso escritor de terror, Edgar Allan Poe, “a perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano”.
Crianças do Hospital Dom Bosco
Um jovem, na época com 20 anos, trabalhava em uma loja onde antes era o Hospital Dom Bosco, no Centro de Anápolis. No dia a dia, a aparição de pegadas infantis, como se crianças pisassem no barro e andassem pelo estabelecimento, durante à noite, começou a intrigar os funcionários no início das manhãs.
O rapaz, chamado Igor Gabriel, decidiu testar aquela situação, em um dia qualquer. Ele se virou para os colegas, enquanto limpava do chão as pegadas, e disse:
“Vou limpar essa pegada aqui do chão de novo, mas, se amanhã de manhã ela aparecer novamente, vai ser porque esse lugar tem assombração. Não faz sentido isso surgir aqui com a loja toda fechada”, decretou ele.
No dia seguinte, ao abrir o estabelecimento para começar mais um expediente, Igor empalideceu e sentiu a boca secar. Lá estavam, novas pegadas de pés pequeninos, marcando o piso do comércio. Naquele dia, todos trabalharam com algo entalado na garganta. O que ele não imaginava era que, dois anos depois, acredita ter descoberto uma possível “explicação” para o fenômeno.
Ele trocou de trabalho, passando a atuar por outra empresa, na Vila Jaiara. Por lá, um dia comentou com a encarregada, uma senhora mais velha, que havia trabalhado onde era o antigo Hospital Dom Bosco. Surpreso, ele viu os olhos dela marejarem, e perguntou se havia dito algo errado, se estava tudo bem.
“Há vários anos, quando fui ter minha primeira filha, foi para lá que fui. Infelizmente, em razão de complicações na hora do parto, ela não resistiu e já nasceu morta. Nunca vou me esquecer da minha primeira menina”, desabafou a senhora, contendo as lágrimas.
Igor arregalou os olhos e diz que sentiu aquele calafrio, o mesmo que sentiu no dia que a pegada “se provou” ser fruto do sobrenatural. Com a garganta seca, ele confortou a colega de trabalho e fez uma pequena oração, em silêncio, entendendo que aquelas pegadas seriam das crianças que faleceram no hospital e por lá passam a eternidade.
Visitas do além
Outra história de arrepiar aconteceu com Andressa Freitas, de Uberlândia, mas que já há mais de 30 anos construiu a vida e família em Anápolis.
Ao Portal 6, ela revelou a trágica história de como perdeu a mãe ainda criança. A genitora teria tirado a própria vida em função da relação abusiva e violenta que vivia com o marido.
“Tinha só sete anos, agora eu entendo que era uma situação muito complicada e sofrida para a minha mãe, mas mesmo assim, não pude deixar de me sentir abandonada por ela, de certa forma. Eu era só uma criança”, contou.
Apesar da tragédia, os eventos paranormais ainda estavam por vir. Quando ela completou 14 anos, já morando em Anápolis, por várias noites passou a receber a visita de uma figura misteriosa enquanto dormia.
“Sabe quando você acorda, mas não consegue se mexer, nem falar nada? Era isso. Eu via essa figura, não conseguia ver o rosto, por causa da túnica que ela usava, mas ela se aproximava, bem perto de mim, e se sentava do meu lado na cama e ficava lá, me olhando”, relembrou.
Mesmo sem reconhecer a figura, Andressa pode jurar que se tratava da mãe dela, cuidando da filha após ter passado por esta existência. Ainda assim, os momentos não se faziam menos assustadores ou incômodos, especialmente pelo estado de vulnerabilidade que ela se encontrava durante as “visitas”.
E assim essas noites mal dormidas e assombradas persistiram por mais 10 anos, até 1997, quando enfim se casou com um jovem que conheceu por conta da faculdade.
“Assim que casei, as visitas pararam. Tenho para mim que minha mãe viu que eu estava sendo bem cuidada, que teria alguém para olhar por mim e pôde enfim ir com a consciência tranquila. Desde então, nunca mais voltei a ter essa experiência”, contou.