Não é do feitio do Lula ser exótico na economia por motivos eleitorais, diz Haddad

Objetivo do governo continua sendo perseguir o centro da meta de gastos prevista no Orçamento, segundo ministro

Folhapress Folhapress -
Haddad se diz otimista com regulamentação da reforma tributária
(Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil)

MATHEUS DOS SANTOS – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta sexta-feira (26), que o mercado não deve esperar soluções exóticas do presidente Lula e defendeu uma postura moderada para o governo na economia.

“Vamos manter o curso da nossa política econômica cumprindo as metas e entendendo que esse é o caminho. Não é do feitio do presidente Lula inventar nada exótico por razões eleitorais.

E ele tem nos apoiado em tudo”, disse durante evento da Galapagos Capital e da Arko Advice em São Paulo.

Segundo Haddad, o objetivo do governo continua sendo perseguir o centro da meta de gastos prevista no Orçamento. A legislação estabelece uma meta de resultado primário neutro, com intervalo de tolerância de 0,25% do PIB (Produto Interno Bruto) estimado para 2025.

Ou seja, o governo pode registrar um balanço com variação de 0,25% para cima ou para baixo.

“Em 2024, a meta tinha margem de até 0,25% do PIB e ficou em 0,1%. Nós tomamos a decisão de trazer o mais próximo possível do centro da meta.

No começo do ano, a Focus dava uma mediana de 0,1% do PIB de déficit primário, antes do Rio Grande do Sul. O que aconteceu no final do ano foi esse indicador”.

Para Haddad, o caminho correto para reconstruir um superávit primário é a persistência no cumprimento das metas e previsibilidade.

“Vamos continuar trabalhando para reconstruir o superávit. Quando isso acontece, as agências de risco que já estavam animadas com o Brasil vão ficar mais animadas e começa uma diversificação de investimento no país”.

O ministro também falou sobre o cenário internacional e afirmou que há perspectiva de leve desvalorização do dólar no médio prazo, o que pode beneficiar a economia brasileira.

“Não consigo enxergar equilíbrio na economia americana sem alguma desorganização do dólar.”

Segundo ele, caso isso ocorra, pode haver impacto sobre a atuação do Banco Central. “Talvez a gente consiga ver já neste ano uma desvalorização, mesmo que o juro não caia tanto quanto previsto. Se isso for verdade, as pressões sobre o Banco Central vão diminuir e nós talvez tenhamos uma reacomodação [da taxa de juros brasileira]”.

Durante o evento, Haddad também falou sobre algumas políticas do governo como empréstimo consignado e a desoneração do Imposto de Renda de quem ganha até R$ 7.000.

No caso do empréstimo, o ministro recomendou que trabalhadores endividados recorram ao consignado para se livrar de juros altos.

“As pessoas com créditos caros devem procurar o melhor preço possível. Como ele vem com garantia, essa taxa vai cair muito nos bancos. É natural”.

Segundo Haddad, essa é uma demanda que o governo tem acompanhado. “Tem gente com dívidas muito baixas a taxas muito elevadas. E o correto é fazer essa troca”, disse.

Pelo modelo, trabalhadores do setor privado têm acesso a empréstimos com juros mais baixos, tendo o FGTS como garantia.

A política tem sido criticada por alguns agentes do mercado, que temem o aumento do endividamento da população, além do impacto na inflação -que desencadearia uma taxa de juros ainda maior.

Durante o evento, o ministro também classificou a desoneração do Imposto de Renda, como um dos melhores programas que já desenvolveu.

Segundo Haddad, a reforma do IR é em benefício daqueles que ganham até R$ 5.000. “Quem são essas pessoas que ganham R$ 5.000? Policiais militares, professores de escola pública e enfermeiras do SUS. Nós estamos falando desse perfil de profissional que hoje paga cerca de 10% de imposto”, disse.

Sobre a discussão envolvendo a compensação do IR, Haddad afirmou estar aberto a novas ideias. “Não tenho preconceito contra a ideia, mas nós temos um fato ali, que é fazer uma justiça social.

Nós não queremos um centavo a mais, nem um centavo a menos. Queremos buscar um imposto de renda justo. Ele não é justo hoje”.

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