SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo dos Estados Unidos afirmou ter instruído imigrantes autorizados a viver no país por meio de um aplicativo da era Biden a deixarem os EUA imediatamente. Desde janeiro de 2023, quase um milhão de pessoas foram autorizadas a entrar no país por meio do programa CBP One.
“Cancelar essas liberdades condicionais é uma promessa cumprida ao povo americano de proteger nossas fronteiras e a segurança nacional”, disse o escritório de comunicação do Departamento de Segurança Interna em resposta a repórteres na última segunda-feira (7).
Os funcionários do governo confirmaram que o departamento enviou notificações de rescisão da permissão aos beneficiários do aplicativo -rebatizado de CBP Home no governo Trump-, sem confirmar a quantidade exata de afetados.
Segundo a agência de notícias Associated Press, o email do órgão dizia aos imigrantes: “É hora de você deixar os Estados Unidos”.
Além das comunicações, de acordo com documentos analisados pela agência Reuters, o governo do republicano também planeja multar os migrantes que estiverem sob ordens de deportação em até US$ 998 (R$ 5,8 mil) por dia se eles não deixarem os EUA, e apreender suas propriedades se não pagarem.
As multas decorrem de uma lei de 1996 que entrou em vigor pela primeira vez em 2018, durante o primeiro mandato de Trump. A gestão planeja aplicar as penalidades retroativamente por até cinco anos, o que pode resultar em multas de mais de US$ 1 milhão (R$ 5,86 milhões), disse um funcionário de alto escalão do governo.
Em resposta a perguntas da Reuters, a porta-voz do Departamento de Segurança Interna, Tricia McLaughlin, disse em um comunicado que imigrantes legalmente nos EUA devem usar o aplicativo CBP Home para “se autodeportar e deixar o país agora”.
“Se não o fizerem, enfrentarão as consequências”, disse McLaughlin. “Isso inclui uma multa de US$ 998 por dia para cada dia em que o estrangeiro legalmente detido ultrapassar o prazo da ordem final de deportação.” O DHS havia alertado sobre as multas em uma postagem nas redes sociais em 31 de março.
Os e-mails analisados pela Reuters mostram que a Casa Branca pressionou a CBP (Alfândega e Proteção de Fronteiras, na sigla em inglês) para lidar com a questão das penalidades e apreensões de propriedades, além de considerar a venda de seus bens apreendidos. A divisão de confisco de bens civis do Departamento de Justiça poderia ser outra opção para lidar com as apreensões, segundo um e-mail.
O presidente Donald Trump deu início a uma ampla repressão à imigração após assumir o cargo em janeiro, testando os limites da lei americana para aumentar as prisões e deportações. As multas planejadas visam os cerca de 1,4 milhão de migrantes que já receberam ordens de deportação de um juiz de imigração, numa batalha judicial sem precedentes.