A luta silenciosa dos que não têm para onde fugir

Quantas são as milhares de Marias, Joanas, Teresas, mulheres e homens empobrecidos que enfrentam a dureza dos tratamentos severos?

Professor Marcos Professor Marcos -
A luta silenciosa dos que não têm para onde fugir
Imagem mostra uma mulher doente. (Foto: Ilustração/Pexels/Tima Miroshnichenko)

Outro dia li uma notícia sobre a cantora Preta Gil estar de mudança para os Estados Unidos, buscando uma última saída para a cura do câncer que insiste em avançar. Sim, quem tem mais recursos, do ponto de vista médico e técnico, tem mais chances.

Mês passado na Santa Casa, enquanto acompanhava minha amiga numa das dezenas de sessões de quimioterapia que ela enfrenta, eu observava uma senhora chegar numa ambulância, veículo de prefeitura, já combalido pelo tempo de uso. Ela vinha de Niquelândia, de um distrito rural, antes daquele trajeto já tinha rodado horas para chegar até o ponto de embarque.

Ela vem sozinha, não tem companhias, cuidados, amigos dispostos, nem todo mundo tem. Talvez poucos tenham de verdade. Quando se sente mal antes do procedimento, é impedida de fazer, volta pra casa no sacolejo do carro, horas de estrada, sem atingir o objetivo. Silenciosa lutando pela vida. Olhar distante, resignado, já não pede muito para o destino.

Quantas são as milhares de Marias, Joanas, Teresas, mulheres e homens empobrecidos que enfrentam a dureza dos tratamentos severos? No limiar sensível entre a morte e a vida, penando, arrastando, implorando por mais uns bocados de tempo e de folego.

Enquanto isso, a indústria farmacêutica internacional lucra milhões e os multimilionários planejam alcançar o espaço. Estarão buscando a cura para as dores humanas? Ou mais milhões? Bilhões talvez.

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