Psicóloga explica o que é ‘incels’, movimento foco da série Adolescência: “sentimento de rejeição”

Ao Portal 6, profissional salienta que termo surgiu na década de 90 e se expandiu com as redes sociais

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Psicóloga explica o que é ‘incels’, movimento foco da série Adolescência: “sentimento de rejeição”
Série Adolescência, da Netflix. (Foto: Arquivo Pessoal)

De um dia para noite, o termo” incel” passou de uma palavra desconhecida por muitos e atingiu o pico nas pesquisas do Google no mundo inteiro, com o lançamento da série “Adolescência”, da Netflix, que estreou no dia 13 de março. A produção, que se tornou um fenômeno global, e relaciona temas como masculinidade tóxica e violência online, apresenta o universo dos incels.

Ao Portal 6, a psicóloga e professora da Estácio, em Goiânia, Thaynara Vermam, explica que o termo é uma abreviação para os chamados “celibatários involuntários” (do inglês involuntary celibates) e demonstra um movimento masculino que tem como principal vertente o sentimento de rejeição.

“São homens que entendem que perderam na loteria da genética da vida, que não foram escolhidos pelas mulheres e que não tem chance de encontrarem uma mulher para terem um relacionamento. A noção principal para eles é que, não importa o que eles fazem, eles não terão um relacionamento. E isso vai para os dois lados, é um ódio contra as mulheres e inveja daqueles homens que são escolhido por elas”, destaca.

Psicológa e professora Thaynara Vermam. (Foto: Arquivo Pessoal)

Embora a temática tenha ganhado força com o lançamento da série, o termo perdura desde a década de 90, mas vem se destacando com o acesso as redes sociais, onde há fóruns que debatem o assunto.

De acordo com ela, em sites como Reddit e 4chan, os participantes culpam as mulheres pelo “fracasso sexual”, além de atribuírem títulos como promíscuas, manipuladoras, interesseiras e entre outros. A movimentação tem atraído jovens e adolescentes, que passam a compactuar com o ideais do movimento, assim como na trama.

“A questão é que é um movimento social e as redes sociais têm unido e compartilhado as ideias. Isso se fortaleceu muito nos últimos anos. A gente tem que considerar que na adolescência, a gente quer ter pertencimento. Ai imagina: a gente consegue encontrar online, em chats internacionais,  pessoas que vivenciam as mesma experiências e isso gera uma identificação e acaba tendo um poder atrativo, onde eles encontram validação”, salienta.

Thaynara destaca que os incels não são considerados um transtornos mentais, mas sim uma patologização – processo de atribuir status de doença a problemas sociais, psicológicos ou comportamentais que não necessariamente o são.

Segundo ela, em casos de adolescentes, é necessário que os pais estejam atentos as mudanças de comportamento e estejam presentes na vida dos filhos.

“Os adolescentes de hoje tem outro tipo de comunicação, de expressar os sentimentos e chamar atenção. Então, é importante estar presente na vida dos filhos, se interessar pelo cotidiano, como são os relacionamentos. […] É estar atento aos pequenos sinais de mudança de comportamento”, finaliza.

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