Cerco se fecha contra OS que Roberto Naves colocou em Anápolis e TCMGO aponta responsáveis por rombo de R$ 43 milhões na saúde

Tomada de contas especiais é uma medida excepcional da Corte que reconhece o dano ao erário e serve para ressarcir os cofres públicos, ainda que seja pelo confisco de bens dos envolvidos

Danilo Boaventura Danilo Boaventura -
Ex-prefeito Roberto Naves durante a inauguração do Hospital Municipal Alfredo Abrahão.
Ex-prefeito Roberto Naves durante a inauguração do Hospital Municipal Alfredo Abrahão. (Foto: Divulgação/ Prefeitura de Anápolis)

O Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCMGO) deu um passo decisivo para desvendar um rombo de aproximadamente R$ 43 milhões na saúde de Anápolis, envolvendo a gestão do ex-prefeito Roberto Naves (Republicanos).

Em decisão recente, a Corte determinou a abertura de uma tomada de contas especial para apurar a responsabilidade de Roberto, ex-secretários e da Associação Beneficente João Paulo II no prejuízo aos cofres públicos.

Em termos simples, a tomada de contas especial funciona como uma auditoria aprofundada e rigorosa que, ao confirmar o desvio ou mau uso do dinheiro, busca responsabilizar os envolvidos e garantir que o valor seja devolvido, podendo levar até ao confisco de bens dos responsáveis.

A investigação foca no contrato de gestão nº 912/2021, firmado em caráter emergencial e com dispensa de licitação, por meio do qual a gestão de Roberto Naves trouxe a desconhecida OS pernambucana para administrar o Hospital Municipal Alfredo Abrahão (HMAA).

À época, a promessa era que a nova unidade desafogaria o sistema de saúde da cidade, mas o que se viu foi um hospital que, até o final do mandato do ex-prefeito, em dezembro de 2024, permaneceu de portas fechadas para o grande público, gerando um mistério sobre quais pacientes eram atendidos e quais serviços eram de fato prestados ali.

O cerne do problema, apontado pelo TCMGO, é a discrepância entre o dinheiro pago e o serviço entregue.

A Prefeitura de Anápolis repassou a totalidade dos R$ 43 milhões previstos no contrato, mas a Associação Beneficente João Paulo II não conseguiu comprovar o cumprimento das metas nem esclarecer como utilizou essa vultosa quantia.

É como se o Poder Público tivesse pago integralmente pela construção de uma ponte, mas a construtora entregasse apenas os pilares, sem a pista de rolamento.

A gestão de Roberto Naves e seus auxiliares, por sua vez, também não souberam justificar por que continuaram a liberar os pagamentos milionários mesmo sem a devida prestação de contas por parte da OS.

Com a instauração da tomada de contas especial, o cerco se fecha definitivamente contra os envolvidos.

O processo irá detalhar a conduta de cada um – desde o ex-prefeito, que assinou a contratação, até os fiscais do contrato e os diretores da OS – na aplicação irregular dos recursos.

A conclusão do TCMGO poderá resultar não apenas na obrigação de ressarcimento do dano ao erário, mas também na aplicação de multas e na declaração de inidoneidade da entidade.

Caso a Associação Beneficente João Paulo II não apareça com o dinheiro, o patrimônio e bens dos agentes públicos, incluindo o ex-prefeito Roberto Naves, poderão ser confiscados e vendidos até juntar o valor do prejuízo com juros e correção monetária.

Responsáveis apontados pelo TCMGO

Agentes públicos

  • Roberto Naves e Siqueira – Ex-prefeito de Anápolis
  • Júlio César Teles Spíndola – Ex-secretário municipal de Saúde/gestor do Fundo Municipal de Saúde
  • Elinner Rosa de Almeida Silva e Gonçalves – Ex-secretária municipal de Saúde/gestora do Fundo Municipal de Saúde

Elinner, Roberto e Júlio. (Imagem: Reprodução)

Fiscais do contrato

  • Eduardo Silva Sardinha Lisboa – fiscal do contrato de gestão nº 912/2021
  • Márcia Jacinta Silva Sousa – fiscal do contrato de gestão e do termo aditivo II
  • Roberta Freitas dos Santos Dias – fiscal do contrato de gestão e do termo aditivo III
  • Regina Brasil dos Santos Pereira – fiscal do contrato de gestão e do termo aditivo IV

Entidade privada

  •  Associação Beneficente João Paulo II – organização social de Pernambuco, representada por Joel Sobral de Andrade

Joel Sobral de Andrade representava a Associação Beneficente João Paulo II. (Foto: Reprodução)

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Danilo Boaventura

Danilo Boaventura

Jornalista graduado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), pós-graduado em Docência em Comunicação pela Faculdade Cidade Verde (PR) e mestrando em Marketing Político pela Universidad del Salvador, de Buenos Aires.

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