Xi diz a Trump que controle da China sobre Taiwan é fundamental para ordem mundial, segundo agência
Para Pequim, a China continental e Taiwan são duas partes de uma só China. Regime chinês não descarta uso da força para assumir o controle da ilha
O líder chinês, Xi Jinping, afirmou durante ligação telefônica nesta segunda-feira (24) ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que o “retorno de Taiwan à China” é parte fundamental da ordem internacional do pós-guerra, informou a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.
“China e Estados Unidos lutaram lado a lado contra o fascismo e o militarismo, e agora deveriam trabalhar juntos para salvaguardar os resultados da Segunda Guerra Mundial”, disse Xi, ainda segundo a agência.
Trump, por sua vez, disse que ambos tiveram uma conversa “muito boa”, durante a qual discutiram a guerra na Ucrânia, o tráfico de fentanil e um acordo para os agricultores.
“Fizemos um bom e muito importante acordo para os nossos grandes agricultores e só vai melhorar. Nossa relação com a China é extremamente forte!”, escreveu ele na plataforma Truth Social. Trump também afirmou ter aceitado o convite de Xi para visitar a China em abril, e que Xi visitará os EUA ainda este ano. O americano não mencionou Taiwan na publicação.
Para Pequim, a China continental e Taiwan são duas partes de uma só China. O regime chinês não descarta, inclusive, o uso da força para assumir o controle da ilha. O governo em Taipé rejeita a reivindicação e afirma que apenas o povo taiwanês pode decidir seu futuro.
Atualmente, a China está envolvida em sua maior crise diplomática em anos com o Japão, depois que a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, afirmou neste mês que um hipotético ataque chinês a Taiwan poderia desencadear uma resposta militar de Tóquio um dos aliados mais importantes dos EUA na Ásia.
A missão chinesa na ONU (Organização das Nações Unidas), por meio do embaixador e chefe da delegação, Fu Cong, enviou ao secretário-geral da organização uma carta em que afirma que Takaichi expressa ambições de intervir militarmente devido à questão de Taiwan, emitindo uma ameaça de uso de força contra a China.
O documento, segundo declaração da missão chinesa na ONU, tem como objetivo detalhar a posição do regime em relação às declarações de Takaichi ao Parlamento japonês.
“Se o Japão ousar tentar uma intervenção armada na situação do Estreito [de Taiwan], estará cometendo um ato de agressão. A China exercerá resolutamente seu direito de autodefesa, conforme previsto na Carta da ONU e no direito internacional, e defenderá firmemente sua soberania e integridade territorial”, escreveu Fu.
Xi e Trump se encontraram na Coreia do Sul no último dia 30 após meses de tensões comerciais desencadeadas pelas políticas tarifárias determinadas pelo americano.
Desde então, a China retomou as compras de soja dos EUA e suspendeu suas restrições ampliadas às exportações de terras raras, enquanto Washington reduziu as tarifas sobre a China em 10%.
Xi disse que as relações China-EUA se estabilizaram e melhoraram desde o encontro. “Os fatos novamente mostram que a cooperação beneficia ambos os lados, enquanto o confronto prejudica ambos”, disse ele a Trump, instando os dois países a manterem um “impulso positivo” e expandirem a cooperação.
Os dois líderes também discutiram a Guerra na Ucrânia, segundo a agência. Xi reiterou que a China apoia todos os esforços em direção à paz ao mesmo tempo em que pede a todas as partes que reduzam suas diferenças para se chegar a um acordo.


