Nova fábrica da Ambev contará com forno gigante que ficará aceso por 20 anos consecutivos
No interior do Brasil, uma decisão técnica pode redefinir eficiência industrial por décadas

A Ambev colocou em operação sua segunda fábrica própria de vidro no Brasil, localizada em Carambeí, no interior do Paraná, apostando em uma estratégia pouco comum na indústria: um forno gigante projetado para funcionar sem interrupções por cerca de duas décadas.
Acendido em outubro de 2024, o equipamento só deverá ser desligado após 2040, quando passará por uma reconstrução completa.
O funcionamento contínuo não é escolha estética, mas uma exigência técnica: se o fogo se apagar, o vidro solidificado pode comprometer toda a estrutura do forno.
Com investimento de aproximadamente R$ 1 bilhão, a nova planta marca um avanço importante na verticalização da Ambev, que até então concentrava sua produção de vidro no Rio de Janeiro e dependia de fornecedores externos para complementar a demanda.
O projeto começou a ser desenhado em 2021, quando a pandemia impulsionou o consumo de bebidas e, consequentemente, a necessidade de garrafas. Hoje, a demanda por vidro já rivaliza com a das latas dentro da companhia.
A unidade paranaense ocupa uma área equivalente a cerca de 60 campos de futebol e opera 24 horas por dia, com três linhas de produção dedicadas exclusivamente a garrafas verdes, usadas por marcas como Stella Artois e Spaten.
Cada linha produz cerca de 450 garrafas por minuto, totalizando 1.350 unidades por minuto. A expectativa é alcançar até 600 milhões de garrafas por ano até 2026. A especialização em uma única cor evita paradas longas, reduz desperdícios e aumenta a eficiência operacional.
Além da escala, a fábrica foi projetada com foco em sustentabilidade e expansão. Toda a unidade funciona com energia elétrica de fontes renováveis, enquanto os gases do forno passam por sistemas de tratamento.
Atualmente, cerca de 40% da matéria-prima utilizada é vidro reciclado, o que reduz o consumo energético do processo. O complexo já nasceu com espaço para novos fornos e linhas adicionais, o que pode dobrar sua capacidade no futuro.
O principal desafio, segundo a empresa, será garantir o fornecimento contínuo de vidro reciclado para manter o ritmo de produção sem que o forno, literalmente, esfrie.
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