Após comprar fábrica da Ford, BYD anuncia megafábrica de ônibus elétricos no Brasil

Projeto em São Paulo amplia produção, gera até 800 empregos e coloca o Brasil no centro da estratégia global da montadora chinesa para veículos pesados eletrificados

Isabella Valverde Isabella Valverde -
Após comprar fábrica da Ford, BYD anuncia megafábrica de ônibus elétricos no Brasil
(Foto: Reprodução/BYD)

A estratégia da BYD para o Brasil acaba de ganhar um novo capítulo — e ele é decisivo para o futuro da mobilidade urbana no país. Depois de assumir a antiga fábrica da Ford, na Bahia, e dar início à produção de carros elétricos e híbridos, a montadora chinesa confirmou agora um projeto ainda mais ambicioso: a construção de uma megafábrica de chassis de ônibus elétricos no estado de São Paulo.

A nova planta industrial será o maior investimento da empresa no segmento de veículos pesados no país e tem um objetivo claro: transformar o Brasil em um polo de produção e exportação de ônibus elétricos.

A ideia é atender não apenas a crescente demanda de cidades brasileiras por frotas menos poluentes, mas também abastecer mercados da América do Sul e, futuramente, da África.

Planejada para ser construída ao longo dos próximos três anos, a unidade terá cerca de 180 mil metros quadrados e capacidade de produção de até 7 mil chassis por ano — um salto expressivo frente ao volume atual da operação da marca no Brasil.

Hoje, a BYD produz chassis de ônibus elétricos em Campinas, em uma estrutura que opera desde 2015 e emprega entre 80 e 100 funcionários.

Em uma década, foram cerca de 600 unidades fabricadas, número que já não acompanha o ritmo dos pedidos. O avanço de políticas públicas voltadas à redução de emissões e a pressão por alternativas ao diesel aceleraram a procura por ônibus elétricos, criando gargalos de oferta.

A megafábrica paulista surge justamente para destravar esse crescimento. Com a nova escala, a empresa poderá equipar grandes sistemas de transporte coletivo, corredores metropolitanos e projetos de eletrificação em diferentes regiões do país, além de atender encomendas internacionais.

Enquanto a planta definitiva não fica pronta, a BYD adotou uma solução intermediária para não perder contratos.

A montadora pretende instalar uma unidade temporária nas proximidades de Campinas, com a meta de produzir cerca de 1.200 chassis de ônibus elétricos já em 2026. Essa fase de transição permitirá reduzir prazos de entrega, testar fluxos produtivos em maior escala e preparar novas equipes.

O impacto do projeto vai além da produção. Quando a megafábrica estiver em plena operação, a expectativa é gerar entre 700 e 800 empregos diretos, multiplicando o atual quadro de funcionários.

As vagas devem abranger áreas como montagem, engenharia, logística, manutenção, controle de qualidade e administração. Indiretamente, o empreendimento também deve impulsionar fornecedores, serviços e a economia local da região escolhida para sediar a planta.

Esse novo investimento se conecta diretamente ao movimento iniciado em 2023, quando a BYD adquiriu a antiga fábrica da Ford, em Camaçari, por R$ 5,5 bilhões. O complexo baiano, inaugurado em outubro, tem capacidade inicial para produzir 150 mil veículos por ano e é visto como uma das maiores apostas da empresa fora da China, com potencial de gerar até 20 mil empregos.

Com duas megafábricas no país — uma já em funcionamento na Bahia e outra projetada para São Paulo — a BYD reforça sua aposta no Brasil como base estratégica para a transição energética no setor automotivo.

A empresa se posiciona, assim, como uma das protagonistas da mudança no transporte público, desafiando montadoras tradicionais e influenciando o rumo das políticas de mobilidade e sustentabilidade no país.

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Isabella Valverde

Isabella Valverde

Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, com passagens por veículos como a TV Anhanguera, afiliada da TV Globo no estado. É editora do Portal 6 e especialista em SEO e mídias sociais, atuando na integração entre jornalismo de qualidade e estratégias digitais para ampliar o alcance e o engajamento das notícias.

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