O número de empresas investigadas por contratos suspeitos com a Prefeitura de Anápolis e Câmara

Contratos foram assinados entre 2011 e 2022. Serviços prestados variam de locação de estrutura para eventos a carrinho de pipoca

Isabella Valverde Isabella Valverde -
O número de empresas investigadas por contratos suspeitos com a Prefeitura de Anápolis e Câmara
Imagem mostra fachada da Prefeitura de Anápolis. (Foto: Rafael Tomazeti/Arquivo/Portal 6)

Dez empresas, de 34, citadas na investigação da 2ª fase da Operação Limpeza Geral, deflagrada na quarta-feira (07) pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), tiveram ou têm contratos com a Prefeitura de Anápolis e Câmara Municipal.

O Portal 6 fez a compilação de cada uma delas e mostra quais têm os contratos suspeitos com ambos poderes da cidade.

Oito firmaram apenas com a Prefeitura entre os anos de 2011 e 2022. Há o caso de uma que assinou com Prefeitura e Câmara e outra que prestou serviço apenas ao Poder Legislativo anapolino.

Dentre as empresas contratadas pela Prefeitura de Anápolis, a Alcione Souza dos Reis – ME figura como a campeã. De 2017 até este ano, ela firmou pelo menos 25 contratos com fins diversos, envolvendo desde a contratação de serviços de locação de equipamentos para eventos, como o Arraiana, a locação de aparelhos, como palco, tendas, alambrados, gerador, telões e som.

O mesmo CNPJ também foi contratado como especializado em eventos esportivos para confecção de medalhas e troféus, buffet (coquetel, almoço, jantar e café da manhã), locação de palco, som, iluminação, tendas e fechamentos, brinquedos, infláveis, carrinho de pipoca, tobogã, carrinho de algodão doce, dentre diversos outros serviços.

Outras citadas

A Roque Pires Gonçalves Eireli firmou parcerias com o Executivo em 2016 e 2017 para reforma de posto de saúde do Bairro Calixtolândia (R$ 89 mil), restauração de pintura e calçada externa do Mercado Municipal (R$ 28 mil), ampliação do posto de saúde do Bairro de Lourdes (R$ 106 mil), além de um contrato com dispensa de licitação para demolição do feirão do Bairro de Lourdes (R$ 37 mil).

Também citada nas investigações, a Top Taty Produções e Eventos Eireli foi contratada em 2014, por R$ 75 mil, para fornecer serviços de locação de tendas com logística, transporte, limpeza e equipe de apoio.

A WFC-Goiás Serviços e Prestações Eireli venceu licitações entre 2018 e 2021 e forneceu à Prefeitura locação de brinquedos, materiais para eventos para diversas secretarias, organização e realização de eventos. A companhia também foi contratada para serviços alimentícios no valor de R$ 56 mil para preparo de roscas, biscoitos e pão de queijo.

A YBTM Comércio e Serviços recebeu R$ 177 mil em 2021 para locação de tendas, lateral, piramidal e banheiros químicos para postos de vacinação contra a Covid-19.

Também com contrato único, a FR de Freitas Produções e Eventos firmou um acordo em  2013 para a locação de tendas, no valor de R$ 76 mil.

A Life Mix Serviços e Produtos Eireli firmou contratos com a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) em 2020 e 2021, voltados para o transporte de pacientes e profissionais de saúde.

Com acordos com a Prefeitura e com a Câmara Municipal, a Andreia Queiroz Miranda Borges – ME prestou serviços diversos, como fornecer almoço e café da manhã, em 2020, para a Câmara, um buffet em 2022 para o mesmo órgão, além de prestação de serviços de motoboy para a Câmara por R$ 129 mil entre 2021 e 2022.

Esta mesma empresa forneceu materiais gráficos em 2021 e reforma da guarita de vigilância da CMTT neste ano.

Com diversos contratos desde 2012, a Nilson Promoções Artísticas Ltda atuou com a locação de palcos e telões para eventos promovidos pela Prefeitura.

A empresa Kesia N. Ferreira Serviços e Produtos firmou dois contratos com a Câmara Municipal. Um deles é voltado para o fornecimento de equipamentos e insumos para a promoção de eventos institucionais, assim como para a instalação de forro acústico de fibra de madeira no plenário da nova Câmara.

(Infógráfico: Portal 6)

MP suspeita que empresas são de fachada

A investigação do MPGO aponta que as empresas são de fachada e pertencem a empresários de um grupo criminoso que atuou em Anápolis e outros 33 municípios do estado. Eles teriam obtido R$ 300 milhões em contratos desde 2009.

Esses CNPJ’s eram controlados por laranjas e usados para simular concorrências em licitações fraudulentas. Os promotores também suspeitam que os membros do grupo, inclusive com envolvimento de agentes públicos, forjavam a contratação direta, ou seja, sem licitação das empresas para viabilizar desvios de recursos públicos, por serviços ou bens que não eram executados ou entregues.

O que diz a Prefeitura de Anápolis

Todos os contratos com as empresas citadas foram firmados antes das informações preliminares trazidas pela  “Operação Limpeza Geral” sobre possíveis fraudes que tinham como objetivo lesar o poder público municipal. Vale ressaltar que a Prefeitura de Anápolis figura neste processo como vítima da possível organização criminosa apontada na operação e que está auxiliando as autoridades competentes em todas as demandas solicitadas.

O que diz a Câmara Municipal 

A Câmara Municipal de Anápolis esclarece que, até o momento, não foi citada, intimada e sequer notificada por qualquer autoridade pública ligada à referida investigação. As informações conhecidas são aquelas até então publicadas pela imprensa. A Câmara Municipal de Anápolis reafirma sua disposição em, caso solicitadas pelas autoridades competentes, prestar quaisquer informações.

Isabella Valverde

Isabella Valverde

Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, com passagens por veículos como a TV Anhanguera, afiliada da TV Globo no estado. É editora do Portal 6 e especialista em SEO e mídias sociais, atuando na integração entre jornalismo de qualidade e estratégias digitais para ampliar o alcance e o engajamento das notícias.

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