Tanques americanos chegam à Ucrânia, mas não devem ver combate tão cedo

Primeiros tanques blindados modelo M1A1 Abrams chegaram para ajudar a enfrentar a invasão russa da Ucrânia

Folhapress Folhapress -
Tanques americanos chegam à Ucrânia, mas não devem ver combate tão cedo
(Imagem: Youtube/ Euronews)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os primeiros tanques pesados americanos M1A1 Abrams chegaram para ajudar a enfrentar a invasão russa da Ucrânia. O anúncio foi feito nesta segunda (25) pelo presidente Volodimir Zelenski, que acaba de voltar de uma viagem aos Estados Unidos.
Os blindados, contudo, dificilmente serão colocados em combate tão cedo, segundo o chefe da inteligência militar ucraniana, general Kirilo Budanov. Em entrevista na semana passada ao site militar americano The War Zone, ele foi bastante realista sobre o emprego dos 31 Abrams doados por Washington no começo do ano.
Descrevendo a difícil contraofensiva ucraniana como um esforço que não vai a lugar algum sem novos equipamentos militares, Budanov afirmou que, se os Abrams forem apenas despachados para a linha de frente, “eles não vão sobreviver por muito tempo no campo de batalha”. “Eles precisam ser usado em operações de rompimento de linhas, mas muito bem preparadas”, disse.
Iniciada em 4 de junho, a contraofensiva fracassou em lograr um avanço decisivo. Budanov afirma que ela tem sido lutada basicamente por infantaria a pé, já que as defesas antitanque russas não permitem o trânsito de blindados.
“Nós chegamos à conclusão de que temos de mudar algo. Precisamos novas armas e capacidades, porque olhando para a situação apenas sob a perspectiva humana, os russos tem muito mais recursos humanos”, afirmou. “Por isso não podemos continuar lutando soldado por soldado. Isso não vai nos dar o resultado que queremos.”
Os 31 Abrams são de um modelo mais antigo do que o empregado pelos americanos e outros aliados, o M1A1. Considerando todas as versões, os EUA têm cerca de 2.000 desses tanques. Além de pesados para operar em alguns terrenos, seu motor a turbina consome muito combustível, o que constituía um dos argumentos americanos contra seu envio.
Assim, o anúncio tem mais a ver com política e moral das tropas. Zelenski teve uma passagem complicada pelos EUA, meses depois de ser recebido como herói de guerra. Falou em termos sombrios na Assembleia-Geral da ONU, não teve um discurso no Congresso aprovado e saiu com um novo pacote de ajuda militar bem menos suculento do que gostaria.
Kiev, como disse Budanov em sua entrevista, precisa de “centenas ou milhares” de mísseis de longo alcance, dos quais os EUA aparentemente concordaram apenas enviar um punhado para uso experimental em campo, embora não tenha havido anúncio.
O tempo da contraofensiva está acabando, com a chegada das chuvas de outono e do inverno posterior no Hemisfério Norte. Como notou o general ucraniano, não é impossível lutar nessas condições, mas tudo fica bem mais difícil.
Os Abrams são tanques poderosos, mas não parece que farão diferença neste estágio. Quando seu envio foi anunciado, em 25 de janeiro, a ideia do governo de Joe Biden era empurrar os alemães a autorizar o fornecimento de seu tanque Leopard-2, empregado em grande quantidade por exércitos europeus.
Até aqui, cerca de 70 desses tanques foram enviados, 21 deles de modelos mais recentes. Ao menos 16 desses blindados foram tirados de combate. Além disso, uma versão da geração anterior, o Leopard-1, também está sendo enviada —cerca de 100 tanques de países como Alemanha a Dinamarca.
Em campo, não se sobressaíram pelos problemas apontados por Budanov. Simbolicamente, cada um deles que é destruído ou desabilitado em combate ajuda Moscou em sua guerra de propaganda. Foi o que ocorreu com uma emboscada contra Leopard-2 e blindados americanos Bradley no começo da contraofensiva e na explosão de 1 dos 14 tanques pesados britânicos Challenger-2 enviados por Londres.
Um Abrams nunca combateu diretamente contra blindados operados por russos, o que ajuda a explicar o risco político da operação. Segundo o site de monitoramento de perdas militares Oryx, a Ucrânia já perdeu 655 tanques de forma confirmada na guerra. Antes dela, tinha 987, mas recebeu reforços, como 240 T-72 poloneses. Já a Rússia perdeu o equivalente à metade de sua frota pré-guerra.
RUSSOS VOLTAM A ATACAR ODESSA
Em solo, a guerra prosseguiu, com quatro civis ucranianos mortos pelo país. Houve uma nova barragem de mísseis e drones kamikazes disparados pela Rússia contra Odessa, o principal porto da Ucrânia. Segundo as Forças Armadas em Kiev, todos os 19 drones e 11 de 12 mísseis de cruzeiro Kalibr foram abatidos.
O que passou e outros dois mísseis supersônicos Oniks atingiram alvos, contudo. O governo local disse que mil toneladas de grãos foram inutilizadas no ataque. O país está tentando retomar o trânsito de navios para escoar suas produção agrícola, mas enfrenta dificuldades desde que a Rússia deixou o acordo que permitia isso sem o risco de abordagem por parte da Marinha de Moscou.
Houve também novos ataques com drones ucranianos na Crimeia anexada e nas regiões russas de Belgorodo e Briansk. Não houve danos reportados. Na sexta (22), um ataque com mísseis Netuno ucranianos danificou muito a sede da Frota do Mar Negro, em Sebastopol, numa ação que Kiev afirma ter matado o comandante local, Viktor Sokolov, e outros 33 oficiais.
Moscou não confirma isso, e disse que apenas um soldado ainda não foi encontrado. Sebastopol já havia sido alvo de um ataque contra uma doca seca, destruindo um navio e um submarino em reparos. Budanov, em sua entrevista, sugere que essas ações fazem parte de um plano de retomar a península, o que parece algo otimista neste momento.
Ele também confirmou que Kiev orienta sabotadores em ataques como a uma base aérea próxima de Moscou na semana passada, e que o emprego de drones contra Moscou tem um caráter simbólico, para “mostrar nossa capacidade” e a “inabilidade das defesas aéreas” do inimigo.

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