Pai de menino que morreu dias depois de cair enquanto jogava futebol faz desabafo: “era um garoto fantástico”

Família acredita que postura da clínica que atendeu e liberou o menino por três vezes poderia ter sido mais responsável

Davi Galvão Davi Galvão -
Matheus Henrique era aluno do CEPMG Dr. César Toledo. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
Matheus Henrique era aluno do CEPMG Dr. César Toledo. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

“Ele era espetacular, não tinha problema com ninguém, gostava de jogar uma bola, era cheio de amigos na escola. Não é justo”. Foi apenas isso o que Adaílton Silva conseguiu falar sobre o filho, Matheus Henrique Souza Silva, de 11 anos, antes de desabar em lágrimas.

O garoto veio a óbito na noite da última sexta-feira (18), dias após um acidente enquanto jogava futebol, em Anápolis. Até hoje, os pais e a equipe médica não sabem ao certo qual foi a causa da fatalidade, com a incerteza pairando no ar e tornando o luto “insuportável”, nas palavras do pai.

Em entrevista ao Portal 6, Adaílton relembrou como foi a última semana que teve com o filho e como o pequeno definhou, mesmo com os pais seguindo todas as orientações médicas.

“Na terça ele estava jogando bola, aqui no condomínio mesmo, não teve aula. Ele reclamou de dor de cabeça, enjoo, aí a gente deu um remédio e ele voltou a brincar, tudo normal, coisa de criança. Na hora de dormir, a gente viu que tinha um vermelhinho no braço dele e ele disse que caiu jogando bola, mas nada demais. Tomou mais um remédio para dor e foi para cama”, contou o pai.

Ele ainda destacou que, apesar de o caso do filho ter começado a piorar após o acidente durante o futebol, a família descartou a possibilidade de a lesão ter tido relação direta com a morte.

Durante a madrugada de quarta-feira (16), Matheus acordou reclamando de dores no braço e apresentando um inchaço na costela, o que fez com que os pais o levassem, pela manhã, até a unidade do Hap Vida da cidade. Lá, o garoto foi submetido a um raio-x, que não constatou nenhuma fratura.

Matheus queria ser jogador de futebol. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Adaílton afirmou que o médico suspeitou que o caso podia se tratar de uma virose e receitou algumas medicações. Como Matheus ainda estava vomitando, não foi para a escola naquele dia.

Na quinta-feira (17), o garoto novamente acordou de madrugada, vomitando e reclamando de dores, com o inchaço descendo para a região do quadril e, diante da situação, o levaram novamente para a clínica.

“Não pediram nenhum exame, não fizeram nada novo. O médico só olhou o raio-x da última vez, recomendou mais algumas medicações para a dor e liberaram. Nem olharam direito para ele”, denunciou o pai.

Na sexta-feira (18), a história se repetiu, com o garoto acordando de madrugada e os pais, sem saber mais o que fazer, o levaram até a clínica, onde desta vez foi realizada uma tomografia, que também não indicou nenhuma anormalidade.

“Até aí realmente ele tava se sentindo mal, com enjoo, reclamando de dor, inchado e com alguns pontinhos que pareciam bolhinhas de sangue, mas ele ainda estava bem. Abatido, tristonho, mas bem. Falaram para a gente que era uma patologia que eles não sabiam precisar o que era, mas que devia passar”, disse Adaílton.

Porém, mais tarde ainda no mesmo dia, já em casa, notando que o inchaço e manchas estavam se espalhando, a mãe do garoto resolveu lhe preparar uma refeição, com o intuito de melhorar a imunidade do filho. Foi aí que, ao tentar comer um pedaço de carne, Matheus disse:

“Mamãe, minha língua tá adormecendo”, relembrou o pai. A partir daí, a situação começou a ficar mais crítica e os pais correram com o garoto para o hospital.

Lá chegando, Adaílton contou que as mãos e pés do filho já estavam gelados e ele falava de forma muito enrolada, com a equipe médica anunciando que ele teria de ser entubado.

As últimas lembranças que o pai tem do filho, ainda em vida, são de quando o garoto estava sendo preparado para o procedimento e, em estado catatônico, parecia sequer reconhecê-los.

“Eu, a mãe dele, a gente apertava a mãozinha dele… Pedia para ele olhar para a gente… Para ele falar alguma coisa, ele nem reconhecia a gente”, relembrou o pai, com a voz entrecortada pelo choro. Mais tarde, o óbito foi declarado.

Adaílton destacou que, até o momento, o Instituto Médico Legal não declarou a causa da morte, com novos exames e testes sendo realizados. Para ele, pior do que saber que algo de errado foi feito com o filho, é a chance de nunca saber o que de fato ocorreu.

“Eu acho que nas primeiras vezes que ele foi lá pra clínica, que eles podiam ter olhado ele melhor. É uma criança, se não conseguem descobrir o que está errado com um exame, só mandam para casa? Fez o raio-x e não deu nada, deviam ter feito outro exame, foi só na terceira vez que resolveram fazer a tomografia e ainda assim, não tinha mais nenhum outro exame?”, questionou.

Enlutada, a família agora tenta se recuperar da perda, ainda mantendo as esperanças de novas informações que possam levar a uma conclusão.

“Meu menino era fantástico. Os coleguinhas dele, lá do militar [CEPMG César Toledo] mandaram um monte de cartinhas, falando como ele era na sala, dizendo que nunca vão esquecer dele. Ele era amado. Vai fazer falta. Tá fazendo”, terminou.

O que diz a Hap Vida

Em nota, enviada ao Portal 6 a Hap Vida lamentou a morte de Matheus e garantiu que forneceu toda a assistência necessária.

Confira a nota na íntegra:

“A empresa lamenta profundamente o falecimento do jovem paciente e se solidariza com a perda da família neste momento de imensa dor. Todo o corpo clínico e a equipe assistencial compartilham deste sentimento.

A unidade ressalta que o paciente recebeu toda a assistência necessária com exames laboratoriais e de imagem, indicados para seu quadro de saúde e está aguardando o laudo do IML de Anápolis para elucidação da causa do óbito”.

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