Pesquisadores da UFG criam “superpartícula” que pode diagnosticar e tratar câncer

Estudo foi publicado em forma de artigo na ACS Applied Materials & Interfaces, revista científica do segmento

Paulo Roberto Belém Paulo Roberto Belém -
UFG
Reitoria da UFG. (Foto: UFG)

Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) criou grande expectativa, após uma descoberta que pode auxiliar na identificação e combate ao câncer.

Nele, foi constado que uma partícula minúscula, chamada de nanopartícula, combina diagnóstico por imagem e terapia térmica, com potencial para tratar tumores como o melanoma (câncer de pele) e o glioblastoma (tumor cerebral).

O documento foi destaque na capa da revista científica ACS Applied Materials & Interfaces, sendo que quem explica é o professor do Instituto de Física (IF) da UFG, Andris Bakuzis, um dos autores do estudo. “Podemos dizer que fizemos uma supernanopartícula”, comemorou.

Trata-se de uma estrutura com uma “casca” esférica fluorescente contendo partículas ainda menores à base de óxido de ferro (com propriedade magnética) no seu interior. Além disso, na membrana da partícula foram colocados fragmentos de células tumorais.

O sistema desenvolvido na pesquisa recebe o nome de nanocarreador biomimético, funcionando como um “cavalo de Troia”: após ser injetada no organismo, a nanopartícula é guiada mais facilmente até o tumor, justamente por conter células semelhantes em sua estrutura.

A ideia é que essas pequenas estruturas carreguem com elas substâncias terapêuticas (como as utilizadas em quimioterapia, por exemplo) para atuar diretamente no tumor.

O pesquisador da UFG explica o processo. “Eu injeto a nanopartícula no corpo do paciente, ela vai para uma região específica, eu vejo no equipamento de imagem e depois, de fora, eu ligo algo. Esse ‘algo’ pode ser um campo magnético ou uma radiação eletromagnética que ativa somente as nanopartículas”.

Uma vez localizadas e ativadas, é iniciado o processo terapêutico, que, no caso do estudo, foi a terapia fototérmica (que usa o calor para destruir células tumorais).

Por ter o potencial de, ao mesmo tempo, localizar e tratar, um sistema como esse tem capacidade teranóstica – junção das palavras terapia e diagnóstico. Além disso, essas estruturas podem proporcionar um tratamento mais eficiente e com menos efeitos colaterais, uma vez que atuam somente no alvo e com muito mais precisão.

Estudo testado

A pesquisa demonstrou a eficácia do sistema em experimentos com camundongos, nos quais foram testadas diferentes vias de administração da nanopartícula – intravenosa, intratumoral e intraperitoneal (dentro da veia, do tumor ou no abdômen, respectivamente).

Em todos os casos, houve acúmulo significativo nos tumores. Segundo o professor, isso pode abrir caminho para estratégias ainda mais sofisticadas de entrega, inclusive com o uso de células do próprio sistema imune como transportadoras.

“Essa nanopartícula pode, inclusive, ser pensada como uma plataforma vacinal contra o câncer, já que estimula o sistema imunológico a reconhecer o tumor”, observa o pesquisador.

Unidos pela ciência

O estudo envolveu uma rede de colaboração multidisciplinar de pesquisadores de diferentes unidades acadêmicas da UFG – Institutos de Física e Ciências Biológicas (ICB) e Faculdade de Farmácia (FF).

O documento utilizou diferentes expertises e infraestruturas avançadas, como o Centro de Pesquisa Integrada em Nanomedicina (CNanoMed), coordenado por Andris, onde foi utilizado o aparelho de MRI. Clicando aqui, é possível acessar o artigo completo.

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