CNU 2025 terá código de barras, regra para mulheres e prova em duas etapas; veja as novidades

Nesta edição, certame traz ajustes que vão da logística à formatação das provas, além de alterações nas regras de cotas e nos mecanismos de segurança

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Concurso público que não teve ninguém aprovado: professor classifica processo como “inacreditável” processo seletivo MPGO
Processo seletivo sendo realizado. (Foto: Reprodução/Agência Brasil)

JÚLIA GALVÃO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O CNU (Concurso Nacional Unificado) chega à segunda edição, em 2025, com mudanças importantes em relação ao modelo aplicado no ano passado. Criado para unificar a seleção de servidores federais em um único processo, o exame – apelidado de “Enem dos Concursos”-  estreou em 2024 com mais de 2 milhões de inscritos.

Nesta edição, o concurso traz ajustes que vão da logística à formatação das provas, além de alterações nas regras de cotas e nos mecanismos de segurança. O objetivo do governo é corrigir falhas da primeira edição, que levaram à judicialização do concurso, e oferecer mais previsibilidade a quem disputa uma vaga no serviço público.

Entre as diferenças entre as duas edições está o número de vagas. Em 2024 foram ofertadas 6.640, enquanto em 2025 são 3.652. Outra mudança está na divisão das áreas: no ano passado, o concurso contou com oito blocos temáticos; neste ano, são nove.

Os blocos temáticos do concurso funcionam como um sistema que agrupa cargos de diferentes órgãos públicos em áreas de atuação semelhantes, como Saúde, Educação, Tecnologia e Administração.

AUMENTO DA PARTICIPAÇÃO FEMININA NA SEGUNDA FASE

Uma das novidades dessa edição é que para definir os candidatos que seguirão para a segunda fase (a prova discursiva), o governo vai calcular o equivalente a nove vezes o total de vagas de cada cargo. Essa conta será feita tanto para as vagas de ampla concorrência quanto para as de cotas.

Assim, se houver 20 vagas, serão chamados para a discursiva 180 candidatos no total (20 x 9). Desses, 35% são destinados a cotas (117 para ampla concorrência e 63 para cotas).

Quando o percentual de mulheres convocadas para a segunda fase for menor do que 50% dos classificados em ampla concorrência, o governo vai chamar mais mulheres para que haja a mesma quantidade de homens e de mulheres na disputa da segunda etapa.

No exemplo acima, se entre os 117 da ampla concorrência houver 65 homens e 52 mulheres, outras 13 mulheres serão chamadas, totalizando 65 homens e 65 mulheres.

Isso não quer dizer que haverá uma cota de contratação de mulheres com o mínimo de 50% de mulheres. No final, o critério para a convocação dos aprovados será a pontuação dos candidatos.

Letícia Bastos, professora de Língua Portuguesa do Gran Concursos, diz que essa é uma medida inédita. “Na prática, isso corrige distorções históricas e amplia as chances femininas de disputar a discursiva, especialmente em áreas onde a participação delas é menor. Para os homens, não há eliminação, mas pode haver redistribuição de vagas na classificação”, afirma a professora.

Segunda a especialista, esse o desempenho técnico continua sendo decisivo para todos.

POLÍTICA DE COTAS

Neste ano, 35% das vagas do CNU estão destinadas a ações afirmativas. No ano passado, pessoas com deficiência tiveram reservadas 5% das vagas, pessoas negras tiveram 20% e indígenas tiveram 30% das vagas reservadas nas especialidades dos cargos da Funai.

Segundo o MGI, o novo percentual, além de obedecer à legislação vigente, fortalece a presença de grupos historicamente sub-representados no serviço público.

A distribuição deste ano é feita da seguinte forma:

– 25% para pessoas pretas e pardas
– 3% para indígenas
– 2% para quilombolas
– 5% para pessoas com deficiência

COMO SERÁ FEITA A VERIFICAÇÃO DAS COTAS?

Bruno Bezerra, professor do Estratégia Concursos, diz que a verificação de cotas varia conforme a condição declarada pelo candidato.

No caso dos candidatos negros, a autodeclaração será avaliada por uma comissão com cinco integrantes, que deve ser diversa em termos de gênero, cor e, sempre que possível, origem regional. “O reconhecimento será feito pela maioria da comissão, com base exclusivamente no critério fenotípico. Ou seja, não serão aceitos documentos de ancestralidade, fotos enviadas anteriormente ou certidões de outros concursos”, diz o professor.

Para candidatos indígenas, a verificação será documental, feita por uma comissão composta por pessoas de notório saber na área e, majoritariamente, por indígenas. Entre os documentos aceitos estão: documento de identificação emitido por órgão oficial com indicação de pertencimento étnico; declaração de comunidade ou organização representativa assinada por pelo menos três membros da etnia; além de comprovantes de habitação em comunidades indígenas, documentos de escolas indígenas ou de órgãos de saúde indígena.

Os candidatos quilombolas também passam por análise documental, realizada por comissão com maioria de quilombolas. O candidato deve apresentar declaração assinada por três lideranças da associação da comunidade, e certificação da Fundação Cultural Palmares reconhecendo a comunidade como quilombola.

ERRO DA BOLINHA

No ano passado, um dos principais problemas do CNU foi o caso dos candidatos que não preencheram toda a identificação do cartão de respostas e que, por isso, seriam eliminados da seleção.

No início do exame, foram distribuídos três tipos de caderno de prova para os candidatos, identificados pelos números 1, 2 e 3. Essa identificação deveria ser assinalada em campo próprio no cartão-resposta, sob pena de desclassificação, conforme a previsão do edital.

Depois, a Justiça Federal no Tocantins determinou ao MGI o cancelamento da eliminação de candidatos.

Para evitar que o erro aconteça mais uma vez, o ministério adotou um novo sistema de segurança em que cada prova terá um código de barras individual.

Bezerra explica que esse código identifica automaticamente o candidato e a versão da prova, sem expor dados pessoais aos corretores. “Na prática, o aluno não precisará mais se preocupar em marcar manualmente o tipo de prova, e o risco de eliminação por esse erro desaparece. Isso é fundamental quando diferentes versões são aplicadas em uma mesma sala”, diz o especialista.

PROVA EM DOIS DIAS

Nesta edição, o candidato terá a aplicação de provas em dois dias diferentes: um será destinado à prova objetiva, no dia 5 de outubro e, apenas se habilitado, voltará para a discursiva em 7 de dezembro. Segundo Letícia Bastos, do Gran Concursos, essa divisão traz impactos importantes.

“Isso permite que, nesta primeira fase, o foco seja total na prova objetiva, sem dividir energia com a escrita. Ao mesmo tempo, exige planejamento logístico: quem for convocado para a segunda etapa terá que organizar viagem, hospedagem e rotina de estudos para não perder ritmo entre as fases”, diz a professora.

VEJA O CALENDÁRIO DO CNU 2025

Para cargos de nível superior, a prova objetiva será realizada em 5 de outubro, das 13h às 18h, e a discursiva em 7 de dezembro, das 13h às 16h. Os candidatos a cargos de nível intermediário farão as provas nos mesmos dias, mas em horários reduzidos: 5 de outubro, das 13h às 16h30, e 7 de dezembro, das 13h às 15h.

O gabarito oficial está previsto para ser divulgado no dia 6 de outubro.

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VEJA O CALENDÁRIO DO CNU 2

Evento – data
Aplicação das provas objetivas – 5/10/2025
Divulgação preliminar dos gabaritos das provas objetivas – 6/10/2025
Prazo para interposição de eventuais recursos quanto às questões formuladas e/ou aos gabaritos divulgados – 7 e 8/10/2025
Disponibilização da imagem do cartão de respostas – 12/11/2025
Divulgação das notas finais das provas objetivas e convocação para as pessoas candidatas para a realização da prova discursiva – 12/11/2025
Obtenção impressa do Cartão de Confirmação de Inscrição para realização da prova discursiva no endereço eletrônico https://conhecimento.fgv.br/cpnu2. – 1/12/2025
Aplicação da prova discursiva – 7/12/2025
Divulgação da Nota Preliminar da Discursiva e disponibilização do espelho de correção. – 23/01/2026
Interposição de eventuais pedidos de revisão das notas da prova discursiva – 26/01 e 27/01/2026
Divulgação do resultado dos pedidos de revisão das notas da Prova Discursiva e do Resultado Definitivo da prova discursiva. – 18/02/2026
Divulgação do resultado dos pedidos de revisão das notas dos títulos e do resultado definitivo dos procedimentos para as pessoas candidatas negras, indígenas e quilombolas e para as pessoas com deficiência – 18/02/2026
Previsão de divulgação das listas com as classificações das pessoas candidatas, em vagas imediatas e lista de espera, após a realização das fases 1 a 4 – 20/02/2026
1ª Convocação para confirmação de interesse das pessoas candidatas classificadas – 20/02/2026
Período para a 1ª confirmação de interesse das pessoas candidatas classificadas – 21/02 a 23/02/2026
Previsão de divulgação das listas com as classificações das pessoas candidatas, em vagas imediatas e lista de espera, após o resultado da 1ª confirmação de interesse – 27/02/2026
2ª Convocação para confirmação de interesse das pessoas candidatas classificadas – 27/02/2026
Período para a 2ª confirmação de interesse das pessoas candidatas classificadas – 28/02 a 02/03/2026
Previsão de divulgação das listas com as classificações das pessoas candidatas, em vagas imediatas e lista de espera, após o resultado da 2ª confirmação de interesse – 6/03/2026
3ª Convocação para confirmação de interesse das pessoas candidatas classificadas – 6/03/2026
Período para a 3ª confirmação de interesse das pessoas candidatas classificadas – 7/03 a 9/03/2026
Previsão de divulgação das listas com as classificações das pessoas candidatas, em vagas imediatas e lista de espera, após o resultado da 3ª confirmação de interesse – 16/03/2026
Início das convocações para nomeação, e, quando couber, para o procedimento de Investigação Social e Funcional, a realização da Defesa de Memorial e Prova Oral e o Curso ou Programa de Formação – 16/03/2026

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