Pouca gente sabe, mas essa cidade foi palco da primeira grande revolta do Brasil

Relembre o levante que sacudiu no fim do século 18 e expôs o desejo de liberdade de um povo

Gabriel Yuri Souto Gabriel Yuri Souto -
Pouca gente sabe, mas essa cidade foi palco da primeira grande revolta do Brasil
(Foto: Reprodução/YouTube)

Quando os sinos da igreja de Salvador ainda marcavam os dias sob o domínio colonial, uma voz silenciosa — mas potente — começou a surgir entre alfaiates, soldados e artesãos negros e mestiços.

Foi ali, em 12 de agosto de 1798, que floresceu a Conjuração Baiana, também chamada de Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios. Um movimento que muitos desconhecem, mas que merece figurar entre os pilares da história de nosso país.

O que levou tanta gente a agir?

A capital da Bahia, que deixou de ser sede da colônia em 1763, continuava sofrendo sob o jugo de exploração, altos impostos, carestia e discriminação.

Mesmo sem direitos políticos, negros livres, mulatos e artesãos trabalhavam lado a lado na labuta urbana — e já recebiam ecos das revoluções americana, francesa e haitiana.

Entre as ruas de Salvador, começam a aparecer panfletos colados em portas, talvez em meio às missas ou padarias, clamando: “Animai-vos povo bahiense que está para chegar o tempo feliz de nossa liberdade: o tempo em que seremos todos irmãos, o tempo em que seremos todos iguais.”

Aquela voz unia desejo de independência da coroa portuguesa e a visão de uma sociedade com igualdade — o fim da escravidão estava na pauta.

Lideranças surgiram entre os alfaiates João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira e os soldados Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens, todos mulatos, todos dispostos a romper com a ordem vigente.

O resultado? A repressão: em 8 de novembro de 1799 alguns foram enforcados publicamente, suas vidas expostas como aviso às multidões.

E por que esse episódio costuma ficar nas sombras?

Por um motivo simples: diferentemente da mais conhecida Inconfidência Mineira, liderada principalmente por elites, a Conjuração Baiana teve base popular, afro-brasileira e radical em seu escopo — buscava não apenas autonomia, mas igualdade social no recorte racial e econômico.

Hoje, quando olhamos para Salvador — uma cidade vibrante, plural e marcada pelas curvas da história — é importante reconhecer que ali foi dado um dos primeiros passos autênticos rumo à liberdade de muitos que por muito tempo ficaram à margem.

Neste cenário, a Revolta dos Alfaiates surge não como mote de independência apenas, mas como eco de vozes que exigiram: “ser-emos todos iguais”. E essa lembrança, talvez esquiva, ainda tem o poder de transformar olhares — e a história que contamos.

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Gabriel Yuri Souto

Gabriel Yuri Souto

Redator e gestor de tráfego. Especialista em SEO.

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