Ataques de vice de Nunes incomodam Tarcísio e devem inviabilizar prefeito como opção para 2026

Tarcísio é considerado o nome mais provável da centro-direita para disputar a Presidência contra Lula

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Tarcísio é denunciado à ONU por operações letais em São Paulo
Tarcísio de Freitas, atual governador de ão Paulo (Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil)

BRUNO RIBEIRO

As críticas do vice-prefeito de São Paulo, coronel Mello Araújo (PL), a Tarcísio de Freitas (Republicanos) inviabilizaram a eventual candidatura de Ricardo Nunes (MDB) ao governo do estado no ano que vem, caso Tarcísio dispute a Presidência, na visão de aliados do prefeito e do governador.

Em entrevista publicada pela Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (19), Mello Araújo fez denúncias sobre irregularidades na prestação de serviços a dependentes químicos na cracolândia e chamou de “grande enganação” uma declaração de Tarcísio sobre ações que contribuíram para o fim da aglomeração no centro. O pano de fundo foi uma entrevista dada por Tarcísio e Nunes à TV Record sobre o tema, sem menções ao vice-prefeito.

A percepção, segundo dois integrantes do primeiro escalão, é que as gestões Nunes e Tarcísio trabalham de forma integrada, enquanto Mello Araújo atua focado em si mesmo, o que comprometeria a confiança do grupo em deixá-lo à frente da cidade.

Nunes costuma ser citado como uma das opções do governador, ao lado do vice-governador, Felício Ramuth (PSD), e do presidente da Alesp (Assembleia Legislativa), André do Prado (PL). Caso o prefeito sair do cargo, porém, deixará a gestão e a articulação política da cidade nas mãos do vice. Tarcísio descartou essa possibilidade, segundo a Folha apurou, pela imprevisibilidade de Mello Araújo.

Tarcísio é considerado o nome mais provável da centro-direita para disputar a Presidência contra Lula (PT), embora afirme que concorrerá à reeleição. Segundo aliados, discussões sobre sucessão só ocorrem com ressalvas de que são projeções hipotéticas.

O governador, contudo, é alvo constante de aliados de Jair Bolsonaro (PL), que cobram dele postura mais agressiva na defesa do ex-presidente e articulação para evitar que Bolsonaro vá para a prisão. Algumas publicações de Mello Araújo nas redes já foram interpretadas como parte desses ataques. Em julho, ele criticou o “descaso” de políticos com o ex-presidente.

“Me chama atenção o descaso de todos os políticos, do Brasil inteiro, que se elegeram nas costas dele [Bolsonaro]. Já tem articulações acontecendo”, afirmou. “Só tem um detalhe, gente: nosso presidente está vivo”, disse, sem citações expressas a Tarcísio.

Mello Araújo, coronel reformado da Polícia Militar e ex-comandante da Rota, é considerado um dos aliados mais fiéis a Bolsonaro em São Paulo. Há expectativa no grupo de que ele renuncie no ano que vem para disputar o Senado. O coronel diz que fará o que Bolsonaro mandar.

Nunes vinha tentando se fortalecer politicamente para ficar em vantagem diante dos demais possíveis candidatos ao governo. No início do ano, quando tomou posse para o segundo mandato, nomeou ex-prefeitos do interior como secretários, buscando ampliar eventuais palanques regionais.

O modo de atuação do vice, entretanto, foi avaliado como possível entrave ao projeto por sua equipe de governo, em especial após desentendimentos com vereadores e o início dos atritos com Tarcísio. Integrantes do secretariado traçaram um plano para tentar aproximá-lo da equipe, sem sucesso.

Nesta terça, Nunes se deu por vencido. Disse a interlocutores preferir um vice que cria conflitos enquanto trabalha a um aliado que tentasse derrubá-lo.

A Folha voltou a falar com o vice após a repercussão de sua entrevista. Por WhatsApp, ele minimizou as falas sobre Nunes e ressaltou o trabalho da Prefeitura, mas fez novos ataques a Tarcísio.

“O grande golpe para vencermos [na cracolândia] foi a união do Estado e Município com boas políticas públicas. O governador deveria ter chamado o prefeito para caminhar pela cracolândia juntos”, disse.

“Outra coisa que ele fala na Record, que vai construir um parque lá. Quem vai construir o parque é a prefeitura, pago por ela. Então, volto a falar: o certo era estarem caminhando juntos e dividir o mérito”, concluiu.

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