Levando a vida na mentira

Carlos Henrique Carlos Henrique -

Construir-se sob solo frágil e fazer das mentiras a base para as relações e assim levar a vida é um ciclo vicioso que alguns vão se fazendo. Alguns “castelos de areia” desabam quando verdades vêm à tona e máscaras caem ao chão.

A pessoa que vive em vários mundos, se esforça em falsificar sua existência, talvez na tentativa de fugir de si mesmo, pois ele já é apenas uma sombra fria e automática e não consegue mais voltar e nem motivação tem pra isso. Descortinar-se seria trabalhoso demais e vergonhoso.

Muitos preferem permanecer se auto-enganando, mesmo o coração sabendo que nada daquilo é verdadeiro. A questão é que a mentira torna um ciclo vicioso, de forma que esse hábito vai sendo encarado como normal.

O ser que vai se negligenciando e falsificando-se, percebe que na primeira vez deu tudo certo, na segunda, terceira, e, assim vai sobrevivendo e se camuflando conforme o ambiente exige – pois a cada mentira falada mais fundo fica o abismo que chama outro abismo e assim consecutivamente – e haja jogo de cintura pra sustentar tantos argumentos.

Sendo assim, tudo fica muito subjetivo, as realidades vão se mesclando com as mentiras e quando a pessoa se dá conta, já é uma situação com vários tentáculos que ela se meteu e que já não sabe mais como se livrar disso.

Para muitos encarar a verdade é doloroso, mas é necessário aprender o caminho da realidade. Por muito tempo a mentira poderá manter-se no lugar da verdade, mas criar um cenário fictício cheio de mentiras pra sua existencialidade é pernicioso, não apenas para si, mas para aqueles que estão de alguma forma ligados nesse contexto.

O fato é que muitos passam por constrangimentos quando são apanhados e descobertos na mentira, e tornar-se escravo disso pra obter vantagem nas situações ou respaldo em explicações cheias de malícia não é a melhor trilha, nessas horas as pedras esfacelam os pés descalços sem a proteção da verdade.

Quem gosta de si mesmo, não sente necessidade de camuflar-se, não fica representando um papel que mais cedo ou mais tarde terá que se livrar dele. A verdadeira liberdade é construída pela verdade de quem se é e o ser não sente insegurança em vestir-se dela, pelo contrário, está sempre com a cara na luz.

Decidir pela verdade é sempre a melhor escolha. Conviver com a insegurança da mentira é altamente destrutiva, ficar se desconstruindo e dissolvendo-se todo o tempo em dissimulações destrói qualquer relação de confiança – e desistir da representação de papéis apenas por que foi flagrado, desmascarado e envergonhado é um nível que ninguém em sã consciência deveria almejar.

Seja lúcido. Seja transparente. Seja verdade. Seja você mesmo. Coloque os pés no caminho da verdade e lute por permanecer mesmo quando as circunstâncias te forçam a fraquejar. Vá em paz, seu coração agradecerá sempre.

Deniza L. Zucchetti é escritora nas horas vagas e mãe em período integral. Escreve todas as segundas-feiras

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