Estiagem e alto consumo pode repetir em Anápolis drama de falta d´água vivido em 2015

Danilo Boaventura Danilo Boaventura -

Atualizada com a nota e informações da Saneago

A segunda metade de setembro chega nesta quinta-feira (15) e a possibilidade de faltar água em Anápolis tornou-se angústia de primeira ordem entre as pessoas.

No mesmo período do ano passado, a Saneago recorreu a um duro rodízio que racionou a distribuição de água para 80% da cidade, uma situação que se repetida agora agravará ainda mais rejeição da estatal na cidade.

Nos programas eleitorais de rádio e TV não são poucos os candidatos a vereador que prometem, caso eleitos, lutar pela municipalização do serviço de água e esgoto. Os prefeitáveis vão na mesma direção e são quase unânimes na mesma tese.

Procurada para falar se há previsão de baixa nos reservatórios que comprometa o pleno abastecimento de água nas casas, a Saneago demorou dois dias para se posicionar e alegou as mesmas dificuldades de 2015. A estiagem, somada ao aumento do consumo e a “outros fatores”, repercutem no abastecimento.

A estatal informa que tem recorrido aos órgãos de defesa do meio ambiente para a regulamentação do uso da água na bacia do Piancó, disputada com pequenos agricultores que captam a água do rio em suas propriedades.

Na nota enviada pela Saneago, reproduzida na íntegra a seguir, a empresa detalha os investimentos feitos e afirma que o atual sistema dá conta da demanda por mais cinco anos. Uma nova captação, no Rio Capivari, está prevista para ser iniciada em 2020.

O sistema de abastecimento de água de Anápolis tem capacidade de produção que atende, com folga, à atual demanda e ao crescimento vegetativo de, pelo menos, mais cinco anos. Porém, durante os períodos de estiagem, ocorre uma elevação no consumo, que pode levar a problemas de desabastecimento quando associada a outros fatores. Em 2015, assim como nas últimas semanas, o grande fator que tem contribuído para isso são os conflitos de uso da água na bacia, que comprometem a vazão disponível no manancial.

A Saneago vem acionando os órgãos de defesa do meio ambiente para a regulamentação do uso da água na bacia de abastecimento e também para recuperação e conservação desta. No ano de 2015, a pedido da Companhia, o Ministério Público de Anápolis convocou as diversas entidades envolvidas – Saneago, Emater, Dema, Secima, Secretarias Municipais de Meio Ambiente e Infraestrutura, além de outros parceiros –, para a implementação do Projeto “Ser Natureza”, coordenado pelo MP-GO em vários municípios do Estado, visando a recuperação e conservação de bacias hidrográficas. No caso de Anápolis, em específico, o objetivo era atuar nas bacias de abastecimento atuais e futuras: Piancó, Anicuns e Capivari.

O projeto de recuperação foi elaborado pela Emater. A contrapartida da Saneago e dos demais parceiros foi disponibilizar recursos para a execução das ações, que consistem em:

– Cercamento e reflorestamento de APP’s (áreas de nascentes e margens do manancial);
– Implantação de tanques para dessedentação animal, a fim de evitar o acesso direto do gado às margens do manancial;
– Implantação de comportas de fundo nas centenas de represamentos existentes, para controle do fluxo de água a jusante nos períodos de estiagem;
– Trabalho de conservação de solos (construção de curvas de nível, bacias de contenção, etc.);
– Implementação de novas tecnologias para irrigação e práticas agrícolas que consumam menor quantidade de água;
– Regulamentação de todos os usos múltiplos da bacia.

Em outra vertente de atuação, em 2016 a Saneago ampliou a capacidade de bombeamento da captação Piancó 2, visando contribuir para a manutenção da vazão no período de estiagem. Antes, utilizávamos apenas duas bombas e, agora, já estamos trabalhando com três bombas, em funcionamento 24 horas por dia através de gerador. Certamente, a implantação do Projeto “Ser Natureza”, aliada a intervenções técnicas como esta, minimizaram os impactos da estiagem no sistema de abastecimento do município. Entretanto, alguns reflexos ainda podem ser sentidos na prática nesta época do ano.

Para a continuidade do atendimento em Anápolis em médio prazo, a segunda etapa das obras de ampliação do Sistema de Abastecimento de Água deverá ser concluída nos próximos três anos e elevará a capacidade do sistema para 1.200 l/s. Tais obras incluem:

– Construção de uma nova Estação Elevatória de Água Bruta (EEAB) no Piancó 1, com nível abaixo da atual, para garantir menor vulnerabilidade às oscilações de nível;
– Ampliação da captação Piancó 2, para garantir condição de extrair maior vazão deste ponto (confluência dos dois ribeirões), onde há maior disponibilidade de água, e diminuir a dependência da atual captação principal do Piancó 1;
– Ampliação da Estação de Tratamento de Água (ETA) para a capacidade de tratar 1.200 l/s.
Lembrando que está prevista, ainda, uma terceira etapa de obras que contempla a construção de uma nova captação no Ribeirão Capivari, a 15 km do Piancó 2, com expectativa para ser iniciada no ano 2020.

Rompimento de adutoras

A reportagem do Portal 6 também perguntou à Saneago se as intervenções feitas pela Prefeitura de Anápolis para não haver mais deslizamentos de terra nas obras dos viadutos da Avenida Brasil são suficientes para evitar novos rompimento de adutoras.

Segundo a Saneago, tanto a Prefeitura quando a JOFEGE, empreiteira que executa a obra, foram notificadas “para que não mais deem continuidade nas atividades que geram interferência direta com a tubulação existente”. Acrescentando, a companhia informou que agora “[ a Prefeitura e JOFEGE] somente darão continuidade após o remanejamento da rede”.

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