Santa Casa pressiona por dinheiro extra do estado, mas demorou a entregar documentos

Em entrevista ao Portal 6, secretário de Caiado explica porque não será possível pagar retroativos e denuncia má prática da FASA

Carlos Henrique Carlos Henrique -

Tradicional hospital de Anápolis, a Santa Casa de Misericórdia não recebe mais pacientes no pronto socorro e ambulatório desde a madrugada de terça-feira (14).

A medida radical serve como pressão para que o Governo de Goiás não somente firme um novo convênio com a instituição de caráter filantrópico, mas também pague quase R$ 2 milhões pelos meses em que o local atendeu pacientes sem receber ajuda extra do estado.

“Viemos nesses quatro meses insistindo no trabalho, mas chegamos no limite. O estado tem culpa? Não, mas com essa lacuna o que tínhamos de mínima condição para ir negociando nossas dividas se tornou insustentável”, disse o padre Clayton Bérgamo, provedor e porta-voz da entidade, durante coletiva de imprensa,

Nos últimos anos, a Santa Casa mergulhou em crises financeiras e quase sofreu intervenção do Ministério Público por má gestão. A FASA, mantenedora do hospital, reponde na Justiça por inúmeros processos trabalhistas e de fornecedores de insumos. Outra constante são os atrasos de salários dos colaboradores e todo o corpo clínico.

“Só o repasse hoje dos R$429 mil não é suficiente. Estive conversando com o pessoal da área técnica-financeira e temos profissionais da área do raio x, por exemplo, que estão há 12 meses sem receber”, conta Clayton.

Esse cenário de colapso financeiro reflete diretamente no serviço prestado. As enfermarias funcionam em espaços precários e vários corredores já viraram quartos improvisados.

E é diante dessa situação alarmante que a direção da Santa Casa surge com mais pires nas mãos. Além dos recursos que consegue via Ministério da Saúde, o hospital já recebeu duas parcelas da ajuda extra que a Prefeitura de Anápolis voltou a repassar desde abril.

Sem ter mais como ajudar, o prefeito Roberto Naves (PTB) engrossou o tom contra o secretário estadual de Saúde, Ismael Alexandrino, e cobrou mais atenção para os problemas da cidade.

“Anápolis também existe”, reclamou o chefe do Executivo Municipal, na manhã de segunda-feira (13).

A irritação do petebista não demorou para ecoar no Palácio Pedro Ludovico e, no final do dia, Roberto saiu de lá com a seguinte promessa do governador Ronaldo Caiado: a Santa Casa receberá ajuda do seu governo e o convênio será assinado entre o secretário Ismael Alexandrino e Santa Casa ainda nesta semana.

Retroativo não

Em entrevista exclusiva ao Portal 6 na tarde desta terça-feira (14), o titular da Secretaria Estadual de Saúde (SES) reforçou o compromisso de Caiado, mas adiantou que não será possível dar os tais retroativos pedidos pela direção da Santa Casa.

“Não faz sentido [querer os retroativos] porque o estado não pode legalmente [pagar por algo que não tinha contratado]. O estado tem interesse e fará o convênio a partir de agora, pois queremos ajudar a Santa Casa”, disse Ismael Alexandrino.

Se a Santa Casa reclama que a SES está demorando demais para firmar o convênio, o secretário lembra que a FASA também é lenta e comete más práticas.

“A documentação para a elaboração do convênio só foi entregue há duas semanas e existe um rito [processual] a ser seguido. Tinha equipamento que é do HUANA e que estava na Santa Casa”, denunciou.

Em tempo

Temendo o colapso da saúde pública local, a Prefeitura de Anápolis montou às pressas uma força-tarefa para dar conta da demanda na rede municipal, sobretudo porque a UPA da Vila Esperança, a única em funcionamento na cidade, já está prestes a atender 800 pacientes por dia.

Os detalhes da operação devem ser divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) em coletiva de imprensa, marcada para a manhã desta quarta-feira (15).

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