Família de homem negro morto nos EUA fecha acordo para receber esse valor de indenização
A cidade de Minneapolis anunciou nesta sexta (12) que pagará US$ 27 milhões (R$ 150 milhões) à família de George Floyd como indenização pela morte do homem negro após uma abordagem policial violenta.
Em maio de 2020, Floyd foi sufocado pelo joelho de um policial branco e morreu em seguida. As imagens da ação se espalharam pelo mundo e geraram protestos contra o racismo e a violência policial.
O valor foi aprovado de modo unânime pelo conselho da cidade –equivalente à Câmara de Vereadores–, e o prefeito Jacob Frey sancionará a medida.
Bridgett Floyd, irmã de George, disse em comunicado que ela e a família estão “satisfeitas que essa parte de nossa trágica jornada por justiça está resolvida. Enquanto nossos corações estão partidos, nos confortamos em saber que mesmo na morte, George Floyd mostrou ao mundo como viver”.
“Este é o maior acordo extrajudicial por um caso de morte injusta de um homem negro e envia uma mensagem poderosa de que a vida dos negros importa e de que a brutalidade policial contra pessoas de cor deve acabar”, declararam os advogados da família, também em comunicado.
Como comparação, em setembro de 2020, os familiares de Breonna Taylor receberam US$ 12 milhões de indenização do governo. Negra, Breonna foi morta a tiros por policiais que invadiram seu apartamento sem autorização. Ela morava em Louisville, no Kentucky.
Em 2019, Minneapolis pagou US$ 20 milhões para a família de Justine Ruszczyk, instrutora de ioga branca que foi morta por um policial negro dois anos antes. A família de Floyd processou a cidade onde o ex-segurança foi morto sob a acusação de que a polícia falhou no treinamento de seus agentes.
A indenização não encerra o processo criminal contra os agentes envolvidos no assassinato.
Começou nesta semana o julgamento Derek Chauvin, que sufocou Floyd. Ele diz ser inocente e que seguiu o treinamento dado pela polícia. A sentença será dada por um júri formado por cinco homens e duas mulheres. Os outros três policiais envolvidos na morte devem ir a julgamento ainda neste ano.
Floyd, que tinha 46 anos, foi abordado por oficiais depois que o atendente de uma loja acionou a polícia acusando-o de tentar utilizar uma nota falsa de US$ 20. Durante a abordagem, ele teve o pescoço prensado no chão pelo agente Chauvin, e o vídeo do momento viralizou nas redes sociais.
Chauvin ignorou não só os avisos de Floyd de que não estava conseguindo respirar como os apelos das testemunhas, que apontavam uso excessivo de força. Os quatro policiais envolvidos no caso foram demitidos assim que o episódio veio à tona. Chauvin é acusado de homicídio em segundo grau, o equivalente a homicídio doloso, quando há intenção de matar.
Ele pode pegar até 40 anos de prisão. Os outros três policiais foram indiciados como cúmplices.
Chauvin deixou a prisão em outubro do ano passado, após pagar fiança de US$ 1 milhão (R$ 5,6 milhões). Além disso, se comprometeu a não voltar a trabalhar em segurança pública e de não se aproximar da família de Floyd, e teve que abrir mão de suas licenças para usar armas de fogo. Antes dele, os outros três agentes já haviam sido libertados sob fiança.
Após a morte de Floyd, houve semanas de protestos nos EUA, na Europa e em outras partes do mundo, contra o racismo. Os atos ampliaram o debate sobre a retirada de símbolos e estátuas de figuras ligadas à escravidão e sobre a necessidade de mudar as técnicas de atuação dos policiais.
No dia 3 de março, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou um projeto de lei que proíbe táticas policiais controversas e facilita o caminho para ações judiciais contra agentes que violarem direitos de suspeitos. A medida foi apelidada de “Lei George Floyd de Justiça no Policiamento”.
Em junho do ano passado, um mês após a morte de Floyd, os deputados aprovaram medida semelhante com votação mais expressiva –236 a 181– mas o texto acabou barrado pelo Senado, que tinha maioria republicana.