Mãe de Henry quis fazer duas coisas logo após a morte da criança

Informações foram divulgadas pelo jornal O Dia e confirmadas à reportagem pelo delegado Antenor Lopes Martins

Folhapress Folhapress -
Mãe de Henry quis fazer duas coisas logo após a morte da criança
(Foto: Reprodução)

Mensagens enviadas do celular da mãe de Henry Borel, 4, indicam procuras por aulas de inglês e de culinária horas após o enterro do menino, que foi levado morto ao hospital por ela e pelo namorado, o vereador Jairo Souza Santos Júnior, na madrugada do dia 8 de março.

Conversas extraídas pela polícia do aparelho da professora Monique Medeiros, 32, mostram que às 19h24 do dia 10 de março, cerca de três horas após o sepultamento da criança em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, uma escola de inglês enviou uma oferta para o telefone.

“Olá, boa noite! Ainda dá tempo de voltar a estudar na [nome da escola]. Faça matrícula essa semana (até 12/03) e ganhe desconto de 40% para o curso todo”, diz o recado. “Presencial?”, o número de Monique pergunta segundos depois, e a funcionária responde com mais dados sobre as aulas.

As informações foram divulgadas pelo jornal O Dia e confirmadas à reportagem pelo delegado Antenor Lopes Martins, diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital.

Em outra conversa encontrada no dia seguinte ao enterro, às 13h18 de 11 de março, há a procura por um curso de culinária. “Lorena, boa tarde. Sou Monique Medeiros, tenho interesse em fazer aula prática com você. Como faço para entrar na lista de espera? Um grande beijo em seu coração”, diz mensagem enviada do celular.

A professora, então, responde com as informações. Essa conversa ocorreu no mesmo dia em que, segundo a polícia, Monique foi a um cabeleireiro num shopping na Barra da Tijuca (também na zona oeste carioca) arrumar o cabelo e as unhas.

A reportagem esteve, nesta terça (13), nos dois salões de beleza que ficam no local. Em ambos, funcionárias disseram que não podiam comentar o caso. Questionada se a polícia foi até lá, uma delas apenas respondeu que falou com investigadores por Whatsapp.

Procurado, o advogado de Monique, Thiago Minagé, ainda não se manifestou sobre as novas mensagens encontradas em seu telefone. Antes a professora estava sendo representada pela mesma defesa de Jairo, mas recentemente contratou outra equipe.

Em novo depoimento prestado nesta segunda (12) à polícia, a babá do menino, Thayná Ferreira, 25, admitiu que mentiu em seu primeiro relato, dado em 24 de março. Ela afirmou que presenciou três ocasiões em que a criança foi levada ao quarto do casal por Jairo e depois saiu machucada.

A funcionária contou que foi induzida a apagar suas mensagens e a mentir por Monique, pelo então advogado do casal, André França Barreto, e por Thalita, irmã do vereador. Ela disse que concordou em sustentar a falsa versão por medo, por ter visto o que o político havia feito contra uma criança.

Thayná afimou ainda que seu noivo, seu tio, sua tia e sua mãe trabalham para a família ou arranjaram empregos na Prefeitura do Rio de Janeiro na gestão de Marcelo Crivella (Republicanos) por intermédio do vereador, que foi líder do ex-prefeito na Câmara Municipal.

Entenda o caso

Henry passou o fim de semana anterior à sua morte com o pai, o engenheiro Leniel Borel, que o deixou no condomínio da mãe e do namorado na noite de 7 de março, um domingo, sem lesões aparentes. Na mesma madrugada, Monique e Dr. Jairinho levaram o garoto às pressas para o hospital, onde ele já chegou morto.

Um exame de necropsia concluiu que as causas do óbito foram “hemorragia interna” e “laceração hepática” (lesão no fígado), produzidas por uma “ação contundente” (violenta). Ele tinha no total 23 lesões e hematomas pelo corpo.

Em depoimento, a mãe afirmou que estava assistindo a uma série com o namorado em outro quarto e despertou de madrugada com a TV ligada. Acordou o namorado, que havia tomado remédios para dormir, e foi até o quarto onde Henry estava dormindo. Chegando lá, teria visto o menino caído no chão, com os olhos revirados, as mãos e pés gelados e sem respirar.

A polícia ouviu dezenas de pessoas durante as investigações, entre elas a faxineira que limpou o apartamento no dia da morte (antes da perícia), uma ex-namorada do vereador que o acusou de agressões contra ela e sua filha, na época criança, a psicóloga do menino e as pediatras que o atenderam. Diversos celulares também foram apreendidos e estão sendo periciados.

Após o conhecimento de mensagens trocadas entre Thayná e Monique que mostram que testemunhas mentiram nos depoimentos, os policiais prenderam o casal temporariamente. Com essa medida, a reportagem apurou que os investigadores também querem que testemunhas criem coragem para relatar o que viram.

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