FAB começa apuração no local de queda de avião de Marília Mendonça
No acidente, além da cantora, morreram mais quatro pessoas
Marcelo Rocha e Eduardo Moura, do DF e de MG – Uma equipe do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) começou o trabalho de apuração das causas do acidente com o bimotor que causou a morte da Marília Mendonça, 26.
O órgão da FAB (Força Aérea Brasileira) deslocou investigadores do Rio de Janeiro na manhã deste sábado (6) até Piedade de Caratinga (MG), cidade vizinha a Caratinga, onde a cantora faria um show na noite desta sexta-feira (5). Os investigadores chegaram ao local por volta das seis da manhã deste sábado.
No acidente, além de Marília Mendonça, morreram mais quatro pessoas: o produtor da cantora, Henrique Ribeiro, e o tio dela, Abicieli Silveira Dias Filho, além do piloto Geraldo Martins de Medeiros Júnior e o copiloto Tarciso Pessoa Viana.
De acordo com a FAB, o tenente-coronel aviador Oziel Silveira, chefe do Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA 3), órgão regional do Cenipa, está no comando da operação.
“O nosso objetivo hoje é cumprir a ação inicial: levantar e buscar todas as evidências possíveis para, após, fazermos as análises e estudos para tentarmos identificar os fatores contribuintes que levaram à ocorrência”, afirmou Silveira. Ele ainda diz que a nova investigação mira a prevenção. “Não buscamos nem culpados nem responsabilidade, mas agir na prevenção de modo a não ocorrer mais”, disse o tenente-coronel Silveira.
Nesta sexta, uma fonte na Aeronáutica confirmou à Folha de S.Paulo que o Cenipa apura eventual colisão da aeronave com fios de alta tensão e se esse seria o motivo da queda do avião.
A Cemig, empresa distribuidora de energia de Minas Gerais, confirmou em nota que o bimotor atingiu um cabo de uma torre de distribuição da companhia, na cidade a 309 quilômetros de Belo Horizonte.
Em nota, nesta sexta, o Cenipa já havia afirmado que a equipe do Rio de Janeiro daria início aos trabalhos neste sábado.
“Na ação inicial os investigadores identificam indícios, fotografam cenas, retiram partes da aeronave para análise, ouvem relatos de testemunhas, reúnem documentos etc. Não existe um tempo previsto para essa atividade ocorrer, dependendo sempre da complexidade da ocorrência”, afirmou a Aeronáutica, em nota.
Com a investigação, o Cenipa busca evitar novos acidentes com características semelhantes, segundo a nota. “A conclusão das investigações terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os fatores contribuintes.”
O delegado regional de Caratinga, Ivan Sales, afirmou que a Polícia Civil concluiu a perícia que competia ao órgão e já deixou o local do acidente.
Essa perícia é parte do inquérito instaurado para apurar responsabilidades criminais pela tragédia. Inicia-se, então, uma nova etapa, que incluiu depoimentos de testemunhas e levantamento da documentação sobre a aeronave e a empresa proprietária.
Foi também realizada e concluída a perícia nos corpos das cinco vítimas da tragédia.
De acordo com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o bimotor foi fabricado em 1984. Trata-se de um modelo C90A, com matrícula PT-ONJ, de propriedade da PEC Táxi Aéreo Ltda, de Goiânia, onde vivia Marília Mendonça.
Segundo a Anac, o avião estava com o CVA (Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade) válido até 1º de julho de 2022.
O local do acidente que matou a cantora Marília Mendonça, uma serra em Piedade de Caratinga virou ponto de visitação para a população local na manhã deste sábado.
Pelo menos uma centena de curiosos lotava uma trilha íngreme que cruza a BR-474, percorrendo um dos caminhos que dava acesso ao local.
Fãs de Marília Mendonça já estão na porta do ginásio Goiânia Arena, ao lado do estádio Serra Dourado, para se despedir da cantora. O velório de Mendonça, morta aos 26 anos nesta sexta-feira, em um trágico acidente de avião, deve ficar aberto ao público até as 16h, na capital goiana.