O empreendedorismo feminino cresceu por necessidade, mas temos que tratá-lo como oportunidade
O Brasil registrou desde o ano passado um crescimento em torno de 40% no número de mulheres que partiram para montar seu próprio negócio. Dados do IBGE e da Rede Mulher Empreendedora (RME) apontam que elas somam mais de 30 milhões à frente de negócios de todos os tamanhos e níveis de profissionalização. Embora o avanço do empreendedorismo feminino no País seja um fenômeno interessante do ponto de vista econômico e social, não podemos deixar de considerar que esse salto recente deve-se em larga medida à pandemia, que teve como consequência uma retração econômica e desemprego.
Muitas dessas mulheres foram empurradas para o empreendedorismo pelas circunstâncias desfavoráveis e precisam de suporte para seguirem adiante em seus negócios, seja com qualificação, seja com divulgação. Para elas, a situação do desemprego é sempre mais dramática. No final de 2020, quando a taxa de desemprego entre os homens estava em torno de 11,2%, a das mulheres passava dos 17%. Isto num cenário em que quase metade dos lares brasileiros (em torno de 45%, segundo o IBGE) são chefiados por mulheres.
Junta-se a este cenário uma questão cultural: na maioria absoluta dos lares, são elas que cuidam dos afazeres domésticos e dos filhos, o que faz com que tenham uma jornada dupla. Por isto, diferentemente dos homens, que normalmente buscam empreender para obter renda extra, as mulheres abrem empresas em busca de liberdade financeira e tempo. A possibilidade de conciliar o empreendimento com a família e as dificuldades de se estabelecerem no mercado de trabalho são dois dos principais fatores.
A vereadora Seliane dos Santos, num gesto de extrema sensibilidade e visão, aproveitou que no dia 19 de novembro é comemorado o Dia do Empreendedorismo Feminino e criou um evento para ajudar essas novas empresárias a divulgarem sua marcas, no hall da Câmara Municipal. Contribuiu assim para chamar atenção dos anapolinos para essa nova realidade trazida pela pandemia. O Empreenda Mulher serviu como uma vitrine e também um incentivo àquelas pessoas que tiveram que montar o próprio negócio para garantir o sustento ou por vocação empreendedora mesmo.
Mas é preciso de ações mais estruturadas, do ponto de vista de políticas públicas, para aumentar o índice de sucesso desses novos negócios. Hoje as possibilidades oferecidas pela e-commerce, tendo as redes sociais como plataformas de divulgação, abrem novas oportunidades para quem deseja montar sua empresa, seja dentro de casa ou com uma estrutura maior. Mas é uma mercado competitivo e se destacar no mundo virtual não é simples. E aí a qualificação direcionada, com uma abordagem atual sobre as possibilidades do e-commerce, aliada ao acesso a linhas de financiamento a baixo custo, se tornam fundamentais para aumentar a taxa de sobrevivência dessas novas empresas. Grande parte das empreendedoras recentes foram empurradas a esta condição por um cenário adverso, mas, com os instrumentos corretos de suporte, podemos fazer deste limão uma limonada.
Márcio Corrêa é empresário e odontólogo. Preside o Diretório Municipal do MDB em Anápolis. Escreve todas as segundas-feiras. Siga-o no Instagram.
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