Will Smith, de olho no Oscar, se exibe em autobiografia e série sobre emagrecimento

Ele se propôs a mudar seu corpo em 20 semanas

Folhapress Folhapress -
(Foto: Reprodução)

Teté Ribeiro, de SP – No dia 4 de maio deste ano, Will Smith postou uma foto no em seu Instagram, com 56,8 milhões de seguidores, em que aparecia só de cueca preta, estilo boxer brief, a barriga estufada para frente, as mãos na cintura e a cabeça levemente apontada para o alto, como que desafiando o público a ver seu corpo.

Na legenda, ele dizia que tinha engordado na pandemia e que começaria uma rotina de dieta e exercícios para perder cerca de 9 quilos em 20 semanas, usando os olhos do público —ou a câmera contratada para segui-lo— como os alcoólatras anônimos ou os dependentes químicos usam seus “padrinhos”.

Parecia truque para ganhar seguidores ou patrocínio, o que Will Smith não parece precisar. É o único ator da história do cinema com uma sequência de oito filmes que lucraram mais de US$ 100 milhões só no mercado norte-americano. No mercado internacional, ele tem 11 longas consecutivos com lucros acima de US$ 150 milhões.

Como músico, já ganhou quatro prêmios no Grammy. Como ator, foi indicado a cinco troféus no Globos de Ouro e dois no Oscar —por “Ali”, em 2002, e “Em Busca da Felicidade”, em 2007. Neste ano, estava entre os candidatos ao Emmy por ter produzido a série “Cobra Kai”, spin-off do clássico “Karatê Kid” —refilmado em 2010 com Jaden Smith, seu filho.

Até nos recordes do Guinness ele está, desde 2005, por ter comparecido a três premières em um período de 24 horas. Foi no lançamento de “Hitch”, que Smith produziu e protagonizou.

Voltando ao plano de emagrecimento. Parecia uma coisa mundana, mas não era bem assim. Nas 20 semanas em que se propôs a mudar o corpo de pandemia —na verdade, vale dizer que ele ganhou peso para protagonizar o filme “King Richard – Criando Campeãs”—, Smith iria terminar a biografia “Will”, escrita com o autor de best-sellers de autoajuda Mark Manson —de “F*deu Geral”— e publicada aqui pela editora Record.

Agora, quase tudo está às claras. O regime virou uma série de seis episódios no YouTube chamada “Will Smith: The Best Shape of My Life”, ou a melhor forma da minha vida, no ar desde 8 de novembro. Ele confessa que a jornada para perder peso estava totalmente ligada à reta final da produção de sua autobiografia, e como —ao embarcar nessa missão para transformar o corpo, examinar o passado, enfrentar os medos e expor os segredos— atingiu o nirvana.

E foi magro e forte que Will Smith se apresentou em sua cidade natal, a Filadélfia, no dia seguinte ao lançamento da série, para a primeira noite da turnê do livro “Will”. O evento foi um mix de comédia stand up, entrevista e pocket show intitulado “Will Smith: an Evening of Stories and Friends”.

Na Filadélfia, Queen Latifah era a convidada de honra. No Brooklyn, o cineasta Spike Lee comandou o palco. Em Chicago, Will Smith foi recebido por Manson, o único convidado branco. Em Los Angeles, a cineasta Ava DuVernay foi apresentadora e entrevistadora. A turnê acabou em Londres, com a participação do ator Idris Elba.

Os eventos tinham público presente, que pagava ingresso e ganhava um livro. Mas também foram transmitidos online, com ingresso pago e a opção de um preço mais baixo só para participar da noite e ouvir as histórias, e um mais alto para receber o livro. Além dessas conversas, deu uma entrevista para Oprah Winfrey.

Will Smith não aceitou o pedido da reportagem para uma entrevista. Neste momento, só aceita falar com entrevistadores que ele mesmo escolhe. Nessas conversas, Smith é o mesmo de sempre: por ocasião do lançamento de três filmes dele na década de 2000, em que morei nos Estados Unidos, fiz entrevistas com o ator. Em uma delas, o ator fez todos os lados de um cubo mágico em menos de dois minutos, na minha frente, enquanto respondia às perguntas.

Engraçado, inteligente, atento, carismático, generoso, cheio de energia. No livro, ele revela que essa persona é uma construção, um disfarce no qual ele sempre se apoiou para esconder sua verdadeira essência, a de um menino covarde e medroso.

Filho de um homem exigente e violento, Will descobriu cedo que se cumprisse as ordens dele à perfeição e ainda por cima o fizesse rir, estava salvo. Nunca se perdoou por não ter reagido quando viu seu pai —que tem o mesmo nome que ele, Willard Smith— dar um soco na cabeça de sua mãe que a levou ao chão, sangrando.

Pensou em jogá-lo escada abaixo anos depois, mas não o fez. Assim como não cometeu suicídio nas duas vezes em que bateu forte a vontade de acabar com a própria vida.

O livro tem muitas revelações que já viraram trending topics de redes sociais, como a de que tem um casamento aberto com Jada Pinkett Smith, mãe de dois de seus três filhos. Já experimentou ayahuasca diversas vezes e procurou uma especialista em sexo para tentar curar sua fantasia de ter um harém com mulheres como Halle Berry e a bailarina Misty Copeland.

No final da autobiografia, o que se revela é que, aos 52 anos, Will Smith está melhor do que nunca, com uma carreira bem-sucedida na música, extraordinária na TV e única em Hollywood. Na vida pessoal, tem um casamento feliz e três filhos bem criados —o primeiro, Trey, que também se chama Willard Smith, é filho da primeira mulher do ator, a atriz Sheree Zampino. Parece não faltar nada a ele.

Mas não é bem assim. O que Will Smith mais quer, agora, é um Oscar por “King Richard”. Esse é o objetivo final dessa jornada. Pode chamar de campanha.

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