Ataque com moto-bomba deixa 4 mortos no Iraque, que culpa o Estado Islâmico

"Basra deixou de ser segura hoje", disse Mohammed Ibrahim, um mecânico cuja oficina fica perto do local da explosão

Folhapress Folhapress -
Ataque com moto-bomba deixa 4 mortos no Iraque, que culpa o Estado Islâmico
MOSSUL, IRAQUE, 19.12.2017 Destroços da tumba do profeta Jonas, em Mossul, destruída pelo EI (Estado Islâmico) (Foto: Diogo Bercito/Folhapress)

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um ataque terrorista matou ao menos quatro pessoas e feriu outras 20 nesta terça-feira (7) em Basra, no sul do Iraque. É o primeiro atentado em anos na região em que há relativa estabilidade, e autoridades suspeitam que tenha sido obra do Estado Islâmico (EI).

A explosão, perto de um grande hospital, foi causada por uma motocicleta equipada com explosivos, segundo um comunicado divulgado por militares iraquianos, e incendiou outros dois veículos.

Nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque, mas o governador de Basra, Asaad al-Edani, disse a jornalistas que a explosão “tem as impressões digitais” do Estado Islâmico. “O Daesh [como o EI é chamado no país] está tentando desestabilizar a segurança em Basra, mas não terá sucesso”, disse.

A facção fundamentalista foi a responsável pelo último ataque terrorista em Basra, ocorrido em 2017. Desde então, as autoridades iraquianas mantiveram um rígido controle de segurança sobre a região, onde a maior parte do petróleo do país é produzida e exportada.

Segundo testemunhas, a polícia precisou recolher partes de corpos de pessoas que estavam dentro de um micro-ônibus atingido pela explosão. A rua ficou coberta de vidro quebrado e sangue, e o governador anunciou três dias de luto oficial.

“Basra deixou de ser segura hoje”, disse Mohammed Ibrahim, um mecânico cuja oficina fica perto do local da explosão, à agência de notícias Reuters. “Hoje e depois desse ato terrorista, o povo de Basra deve definitivamente ser cauteloso e cuidadoso.”

Em dezembro de 2017, o Iraque declarou vitória sobre o Estado Islâmico depois de receber apoio de uma coalizão liderada pelos Estados Unidos. O grupo fundamentalista foi expulso, à época, de áreas onde havia se autoproclamado um califado islâmico.

O EI, no entanto, segue sendo responsabilizado por ataques esporádicos, principalmente no norte do Iraque. No domingo (5), quatro combatentes curdos foram mortos e cinco ficaram feridos em um posto militar ao norte da cidade de Kirkuk.

De acordo com autoridades locais, foi o terceiro ataque em menos de duas semanas. No final de novembro, outros cinco combatentes curdos morreram em um episódio parecido e, na última quinta-feira (2), três civis e nove soldados foram mortos pelos jihadistas perto da cidade de Erbil.

Antes de ser expulso em 2017, o EI conquistou vários territórios no Iraque –onde chegou a dominar dois terços do país– e na Síria.

Atualmente, segundo um relatório da Organização das Nações Unidas, o grupo “mantém uma presença clandestina” e “lidera uma insurgência” na fronteira entre os dois países, com ao menos 10 mil combatentes ativos. O último grande ataque reivindicado pelo Estado Islâmico deixou ao menos 30 mortos em um mercado na capital, Bagdá.

O Iraque também vive um cenário de instabilidade política crescente, particularmente após as eleições parlamentares realizadas em outubro, das quais o partido do xiita Moqtada al-Sadr saiu vencedor. Desde então, porém, facções armadas que se opõem ao clérigo têm contestado os resultados, alegando fraude.

Há um mês, a residência oficial do primeiro-ministro iraquiano, Mustafa al-Kadhimi, foi alvo de um ataque de drones carregados com explosivos. As autoridades descreveram a ação como uma tentativa de assassinato, mas o premiê saiu ileso.

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